domingo, 27 de fevereiro de 2011

Liberdade de expressão em plano inclinado

Ele há coincidências do ca....mandro. Após um programa do Plano Inclinado com a participação habitual do Medina Carreira e do Henrique Neto, na semana a seguir já o mesmo programa tinha sido suspenso para, nas palavras do sabujo de serviço, pensar sobre a estratégia para o programa. Mas sem prazos. Antes que o mesmo saia da net, aqui está o link do último programa. Sem mais nenhum comentário, deixo alguns extractos do que foi dito:

- Mário Crespo:  “Dr. Medina Carreira, o senhor e o Eng. Henrique Neto (…..) há muitos anos, com uma certa consistência, têm vindo a denunciar aspectos da incapacidade da nossa economia se sustentar…”
- Henrique Neto (sobre o Congresso das Exportações): “Fez-se mais um número em Santa Maria da Feira, organizado à pressa, telefonando às pessoas para lá irem e dizerem qualquer coisa (associações empresariais, empresários, funcionários públicos, etc) para parecer que o Governo está a fazer alguma coisa. Ora isto, que deveria ser um trabalho com resultados para a sociedade e para a economia portuguesa, acrescenta apenas mentira, acrescenta apenas desilusão….”

- Medina Carreira: “1995 foi o começo de uma desgraça que já há 10 anos se estava a tratar, porque nós fomos para um mundo aberto, e nunca fizemos NADA para preparar a economia para trabalhar em mundo aberto”
- Henrique Neto: “Os empresários têm perfeita consciência que se forem amigos do poder instituído, podem receber umas benesses, e algumas empresas que são conhecidas (….) quando precisam de capital vão à Caixa Geral de Depósitos que entra no capital das empresas, que lhes facilitem os créditos (….) e as outras que eventualmente queiram manter uma atitude mais distanciada do poder e se preocupem com aquilo que se devem preocupar (que é a sua competitividade interna e externa), pois podem sofrer penalizações e sofrem penalizações. Portanto, o clima de medo é verdadeiro.”

- Henrique Neto: “ Apercebi-me, quando estava na Assembleia da República, que havia mudanças de opinião (de colegas, deputados, de gente do partido) às vezes abruptas, que eram inexplicáveis: uma pessoa estava a defender uma coisa, e de repente passava a defender outra. Às vezes diziam-me a mim “fulano é incompetente e tal” e de repente escolhiam-no para isto ou para aquilo. Bom e depois comecei a verificar que isso se passava com pessoas que eu sabia que eram membros da Maçonaria”
- Medina Carreira: “ Eu desde rapaz que ouço falar da Maçonaria, dos seus males e dos seus bens. Essa gente, chame-se Maçonaria ou outra coisa qualquer, está lá instalada e tudo o que a gente diz aqui serve para amanhã ou depois algum deles porventura nos vir, “ olhem estes anjinhos, a pensar que a gente vai mudar alguma coisa. Patetas”. E andamos à décadas a tratar de patetices.”

- Henrique Neto: “ Eu considero que este Governo actual, do partido socialista, está a fazer tanto mal ao país (…) porque por um lado não sabe tomar as medidas correctivas, e por outro lado não tem credibilidade para as tomar. Que eu acho que é urgente que a situação política portuguesa mude. (….) Para que nós possamos debater de uma maneira mais livre e mais aberta quais são as soluções”
- Medina Carreira: “ A comunicação social tem, podemos aqui discuti-lo se vocês quiserem, tem uma quota de responsabilidade porque não pega em nenhum problema a sério e estudado. Um país precisa de perceber que com mais cinco anos, isto está estoirado”.

- Mário Crespo: “ Dr. Medina Carreira, é sempre uma aventura participar consigo em qualquer programa. Foi o Plano Inclinado, nós voltamos daqui a uma semana.”

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Intercâmbio profissional Portugal-Alemanha

Portugal não consegue/quer sair do buraco onde se meteu por si mesmo. É pois necessária ajuda externa. De onde virá essa ajuda? Pelos vistos agora virá da Alemanha. Portanto, como poderemos retribuir esse favor à Alemanha? Do que é que a Alemanha precisa de um país como Portugal??...Uhm.....Engenheiros!! A Alemanha precisa de engenheiros. Sugiro então que se proponha um intercâmbio profissional por uns 4 anos: Portugal prescinde do seu melhor engenheiro e em troca a Alemanha empresta-nos alguém. Já estou a imaginar o anúncio:

- " Oferece-se para intercâmbio Engenheiro Técnico Civil português com forte apetência por desenvolvimento de negócio em diversas áreas (laptops para catraios, ventoinhas, obras públicas faraónicas, carros movidos a pilhas), assim como larga experiência em licenciamentos difíceis. Altamente resiliente, confiante, decidido e com dupla personalidade. Larga rede de contactos a nível internacional, especialmente no nicho de mercado das ditaduras".

"Pretende-se alemão (qualquer um) que saiba que as despesas têm de ser inferiores às receitas, que não aceite prendas de empresas, que seja capaz de cumprir prazos, planear e controlar custos. Acima de tudo, que nunca tenha lidado com portugueses durante mais do que 5 minutos na sua vida, dando-se preferência a chauvinistas que achem que os portugueses são apenas uma variação genética dos povos do Magrebe". 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Moção de aldrabice


A moção de censura do Bloco de Esquerda tem dado muito que falar pelos seguintes motivos:
1-      Não faz sentido apresentar uma moção de censura com um mês de antecedência;
2-      Surgiu como forma de antecipação ao PCP (que neste caso marcou a agenda politica);
3-      Mais parece uma forma de dar tempo ao Governo do que uma efectiva censura;
4-      Esta moção estava condenada à rejeição desde a sua concepção;
Com estes ingredientes, podemos especular que o BE apenas quer continuar a ser o partido extremista e crispado que tem habituado os portugueses mas sem qualquer critério de responsabilidade política. Uma moção de censura é sempre um factor de instabilidade que as agências de rating englobam como coeficiente dos seus modelos de análise. Propor moções para brincar à estratégia política até pode ser habitual nas juventudes partidárias ou em certas associações académicas. Mas, num parlamento nacional, espera-se o mínimo de responsabilização.
A luta pelos votos e pela exposição mediática não deveria sobrepor-se ao confronto de ideias e ao interesse do país. Esta cultura da irresponsabilidade e da incoerência tem de terminar!
O PS votará contra a moção mas terá alguma tristeza de não se poder abster. Afinal de contas, ficou com um balão de oxigénio de cerca de 2 meses para (depois de ter vendido retalhos do país no estrangeiro) poder fazer campanha interna.
O PCP votará a favor porque não poderia desligar-se da crítica à governação do BE. Iria perder parte do seu eleitorado.
O PSD abster-se-á, mas ao anunciar esta posição antes de conhecer o texto do BE, arriscou demasiado. E se o BE criticasse também na moção a acção politica do PSD? Com críticas a si próprio, o PSD manteria a abstenção? Não votaria contra? Compreendo que tivesse de tomar uma decisão rápida mas a “não aprovação” teria sido bem mais prudente do que a abstenção!
O CDS não poderia votar favoravelmente. Neste caso, a decisão não foi difícil.

Existe um movimento crescente na sociedade que desconfia que o governo gere a sua agenda por e para sondagens (algo que muitas pessoas vêm a alertar há algum tempo). Agora, se alguns os partidos da oposição fazem o mesmo, isso já é enganar os contribuintes que pagam os ordenados dessa classe.
Ninguém me convence que esta moção não tem mais do que objectivos mediáticos: O BE não quer derrubar o governo e sabe que não o conseguirá. A aldrabice deve então ser denunciada! A posição táctica deve ser censurada sempre que for irracional, incoerente e vazia de algum conteúdo que tenha como objectivo a melhoria das condições de vida dos portugueses!
Aldrabice (nome feminino)
 mentira; patranha
trapalhice; confusão

(De aldrabar+-ice)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

RTP - Um exemplo a seguir sobre a questão das escolhas

Ontem pelas 21.30h foi possível assistir nos canais públicos de televisão algo que para muitos será um hino à estupidez e ao desperdício. Na RTP1 deu o programa “Portugueses pelo Mundo”, um programa que tenta dar a conhecer várias cidades por esse mundo fora segundo a perspectiva de portugueses que lá se encontram a viver. Na RTP2 dava o programa “Endereço Desconhecido”, cujo objectivo é mostrar um pouco dos últimos países a aderirem à União Europeia. A ignorância leva a pensar que não faz sentido nenhum que dois programas que têm basicamente o mesmo público-alvo, com conteúdo muito semelhante, concorram dentro do mesmo grupo de media.

Felizmente para mim, compreendi a visão do mamífero que é responsável pela programação da RTP. O dito quer forçar as pessoas a fazerem escolhas. Assim, não ficarei surpreendido se o Telejornal passar a dar no mesmo horário do Jornal 2. Ou ter uma missa dominical no Cacém e outra em Gondomar em cada canal. Ou mesmo uma entrevista com o Pinto de Sousa ao mesmo tempo de outra com o Pedro Passos. Para os mesmos públicos, a RTP quer oferecer soluções em simultâneo! E também, para quê tentar alargar o share, quando se tem uma situação financeira consistente e continuada como aquela que a empresa tem???

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A geração parva

E de repente a Deolinda canta uma canção sobre a precariedade da vida da maioria dos jovens portugueses em Portugal, e parece que estão a dar uma grande novidade. Este conceito do mileurista (que em Portugal é mais o 500-600 eurista a recibos verdes) já é falado faz muito tempo nos outros países europeus em situação similar. Quiçá pelos ventos do Atlântico, por cá teve e tem dificuldade em ser expressado. Pese embora já tenha escrito sobre isto aqui ou aqui, é um assunto que merece ser abordado até à exaustão.

O que é verdade é que esta geração tem ao seu alcance todas as ferramentas para poder ser um factor de mudança para o país……mas não as usa. E não as usa porquê? Como se viu noutros países da bacia do mediterrâneo, os jovens conseguiram ser um dínamo. Bolas, será que os nossos jovens são mais fracos do que os da Argélia e Egipto? A minha resposta, é que sim, são.

Como diz o povo e bem, a fome e o frio metem a lebre ao caminho. E a verdade é que ser jovem num país do Magrebe deve ser uma grande merda. Para começar vêm os seus pais ganharem uma miséria pelo seu trabalho. Mesmo aqueles que decidem/podem estudar na Universidade, não encontram no mercado de trabalho oportunidades condizentes com a sua formação. Passa pela cabeça de algum português que em Portugal haja um Engenheiro a vender frutas numa banca de rua para sustentar a sua família??? A sociedade onde estão inseridos é extremamente conservadora, e devido à proximidade com a Europa e graças à internet sabem perfeitamente que a sua vida podia ser bem diferente acaso tivessem nascido umas centenas de km mais acima. Mobilidade geográfica fora do seu país só é possível para as elites. Liberdade de expressão é mentira (bom, aqui por Portugal o panorama também não é grande coisa). Ou seja, sobram razões para que estejam deveras descontentes.

Em Portugal o que temos? A maioria dos pais até ganha um salário (ou reforma) que dá para um vida razoavelmente confortável. São muitos aqueles que aos 18 anos recebem dos pais o carrito para irem para a Universidade para que coitadinhos não tenham de andar de transportes públicos. Estudar e trabalhar ao mesmo tempo é visto com maus olhos pela sociedade, por isso o jovem estudante tem todo o “paitrocínio” atrás dele, para que coitadinho não tenha de trabalhar enquanto anda na universidade. Quando acaba a universidade e se acaso não consegue arranjar trabalho, muitos pais suportam a vida do filhote para que ele coitadinho não tenha de ir fazer um trabalho mais chato como trabalhar num restaurante ou num bar para ter dinheiro pois isso daria falatório na vizinhança. E por aí fora. Ou seja, esta sociedade protectora para com os mais jovens, ao invés de os ajudar, só os atrofia e torna-os cada vez mais dependentes, comodistas, conformistas e domesticados. E aqueles que não se conformam por estarem mal, simplesmente podem sair para a UE à procura de melhores oportunidades (liberdade essa que os magrebinos não têm). Por isso e muito mais, os nossos jovens são definitivamente mais fracos que os argelinos ou egípcios, porque feliz ou infelizmente não passam pelas dificuldades deles. Mas é exactamente viver no meio dessas dificuldades que lhes dá motivação para lutar, ao passo que na nossa bolha protectora impera a mentalidade do “amanhã pode ser que seja melhor, não te enerves que os pais vão-te ajudando enquanto poderem” que é castradora de uma maior motivação para a mudança.  

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fé, muita Fé, mas pouca devoção!

Certos sectores da sociedade, nomeadamente algumas elites políticas da oposição, têm referido a possibilidade do aumento do descontentamento da população portuguesa que pode gerar revoltas sociais. O aumento dos impostos, a redução dos salários, o aumento da insegurança e dos crimes violentos, e a demagogia crescente dos líderes podem efectivamente motivar comportamentos revoltosos por parte de muitas pessoas.
Mas estamos a falar de Portugal?
A verdade é que dificilmente teremos revoltas porque somos um país de brandos costumes. A Fé de que a situação pode melhorar (mesmo que não se faça nada) ou que pode até não ser tão mau como dizem, está enraizada na população.
Descontentes mas com Fé! Na penúria mas com Fé! Desgovernados mas com Fé! Não se trata de Fé de índole católica mas uma predisposição inata à nossa cultura para sofrer como não há igual. Preferimos não falar, não escrever, não nos expor! Ficamos na sombra, comentamos no café, dizemos umas coisas para o ar mas poucos colocam o dedo na ferida.
Será por medo da censura? Claro, mas não a mesma censura que utilizava o lápis azul. É antes a censura dos instalados no status quo e que tudo fazem para vivermos ineficientes mas conformados. E com fé! É uma censura escondida que afasta os que fazem frente e que encurrala as empresas não alinhadas. Esta censura asfixia o país, não o deixa respirar nem inovar. A criatividade é vista como uma ameaça e a resignação como o único caminho para o sucesso! Não o sucesso pleno mas um sucesso medíocre que não tem em vista o bem-estar social, … apenas a aparência social.
Vivemos em sociedade? Sim, mas não trabalhamos para que a sociedade esteja melhor. Apenas vamos gerindo as vontades e os interesses, para que mantenhamos o nível de rendimentos.
Claro que os jovens poderiam ter uma palavra a dizer. Alguns até fazem por isso e utilizam as ferramentas de que dispõem! Felizmente conheço alguns! Outros (a maioria) são abafados pela névoa que os impede de olhar mais além. Optam por se juntar ao rebanho social!
Vivemos na ditadura do politicamente correcto, da corrupção encapotada e das desculpas esfarrapadas! E gostamos! Melhor, a sociedade gosta senão fazia qualquer coisa! Ou então temos Fé e ficamos por aí!
Portugal tem potencialidades! Em primeiro lugar tem os portugueses, esse povo sofredor! E tem a sua história! 900 anos de história! Mas falta-nos ética na gestão e moral na política! Falta-nos energia e coragem para sermos melhores, para irmos mais além!
Todos sabem onde estão os problemas mas quem os pode resolver, prefere gozar os rendimentos e deixar andar. É necessário dar espaço à geração construtiva de que falava Almada Negreiros! É na geração inconformada que está a salvação do país e a esperança de um futuro melhor!
Dinamizar Portugal é um desígnio do país que muitos ainda não se aperceberam! Cada dia que passa e ficamos na mesma, é mais um dia perdido! E não se iludam, todos podem fazer algo pelo País! Como dizia Kennedy, não pergunteis o que o vosso país pode fazer por vós mas sim, o que podem fazer por ele!
Tenhamos Fé! Mas convém que tenhamos mais qualquer coisa para além disso!

Como ficar nas boas graças dos chineses?

É ponto assente que a China terá um papel cada vez relevante na economia portuguesa, sendo que os nossos caixeiros-viajantes de serviço apostam nesse país para vender dívida pública. Facilmente se imagina que os argumentos usados passam pelo passado histórico entre Portugal e China, a estabilidade que Portugal tem por estar na União Europeia, e por aí fora. Assim só faremos maus negócios. Há que ir por outros caminhos, menos racionais e mais emocionais. E qual é uma das coisas que mais emociona um chinês? O jogo.

A minha ideia passa portanto por disponibilizar a investidores chineses a possibilidade de criarem um réplica de Macau em Portugal (para quem não saiba Macau ultrapassa em receitas de jogo Las Vegas). Isso sim, deixaria os chineses de olhos em bico! A localização óbvia para criar uma cidade do jogo é naturalmente Beja. Espaço não falta, tem um aeroporto, uma barragem grande perto, um clima soalheiro, bastantes comunistas. Só vantagens.

Os mais atentos devem já estar a pensar: “Balelas. Em Saragoza também há um plano para fazer uma megacidade de jogo chamado Gran Scala – 32 casinos, 70 hoteis – e aquilo ainda está em águas de bacalhau”. Está sim senhor, e nem vai arrancar. Ao que consta, o projecto é de um grupo de investidores meio obscuros, tendo inclusive um gestor sido preso pelo assassinato da sua esposa. E nos tempos que correm, sejamos claros, não existem na Europa muitas pessoas com capacidade de angariar os fundos necessários para este investimento.

Dando a investidores chineses a possibilidade de terem uma mega-concessão de jogo em Portugal, ficaríamos muito bem vistos aos seus olhos. O impacto na nossa economia só poderia ser positivo. Eventualmente até poderíamos finalmente vir a ter uma Chinatown (qualquer país decente tem uma e nós nicles). Obstáculos: lobbie das concessões actuais de casinos em Portugal; a ICAR; ou os carecas das Quercus contra abate de sobreiros e perda de habitat do cágado-almiscarado pigmeu. Ah, e o maior de todos, a falta de visão por parte do nosso Governo. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os apelos à compreensão...

..que os alemães deveriam ter para com a actual situação difícil de Portugal (e remanescentes PIIGS) levam a que se recorram a argumentos como aquele que ontem ouvi por volta do jantar na televisão. Como está agora na moda dizer, estes apelos "cheiram" a manobras de diversão.

Do que eu consegui entender das palavras do erudito comentador, assim como a União Europeia foi tolerante na altura para com os défices públicos que Alemanha (RFA) teve com a reunificação com a ex-RDA, também agora a Alemanha deveria ser mais compreensiva para países como Portugal.

Ou seja, deveremos colocar no mesmo patamar algo como a reunificação de dois países (um deles vindo de um regime comunista) e um país que apesar de todos os subsídios recebidos, ter acesso a taxas de juro baixíssimas, etc, etc, teve (e tem) as suas contas públicas governadas de maneira criminosa. No mínimo é uma comparação que eu nunca consideraria. Mas sei que optando por outros caminhos relativos a honestidade intelectual, é uma comparação possível de ser feita. E foi feita. Até porque a maioria da sua audiência absorve de forma acéfala o que esta espécie de conversa em família (versão sec XXI) lhes proporciona.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mais uma voltinha, desta vez de um Ministro da Estónia

Portugal começa a ser cada vez mais como que a “bicicleta da escola”. Neste caso toda a gente parece dar uma voltinha no que à crítica da nossa (des)economia diz respeito. Desta vez a vez coube à Estónia. Podia fazer comentário pejorativos quanto ao facto da Estónia ser uma ainda recente ex-república da união soviética, ou a sua capital (Tallin) atrair pazadas de finlandeses sedentos de bebedeira a custos mais controlados durante o fim de semana. De ter um salário mínimo de 280 Eur. Ou de ser um país com tanta população como os votantes no Alegre e no Nobre. Não o farei.

Como é habitual, nada do que foi dito (pelo ministro das Finanças chamado Ligi) constitui crítica injusta e falsa. Ritmo de consolidação orçamental demasiado lento, os esforços são excessivamente moderados e porque insuficientes necessitam de ser reforçados no curto prazo, ou que ajuda externa não paga dívidas. À bruta ou muito à bruta, o homem lá parece ter conseguido que o défice orçamental seja menor que 3% do PIB e dívida pública hiper-baixa.

Assim, acho que o sénior que gosta do I-pad tem muito a aprender com ele. Até uma criança de 5 anos percebe que para consolidar as contas é preciso que despesas sejam inferiores às receitas. Superiores em 7% (incluindo artifícios financeiros) é um belo exemplo do oposto. Mas em Portugal os paineleiros e/ou “gurus” da nossa economia dos últimos 25 anos distraem a plebe falando só sobre fundo de estabilização, o papel messiânico do FMI ou se devemos ou não sair do Euro.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Câmaras Municipais ou Comissões de Festas Municipais?

O título pode ferir algumas susceptibilidades e certamente é exagerado. No entanto, agora que captei a sua atenção, vou tentar explicar o motivo do título.
Nos últimos mandatos autárquicos, tem-se generalizado pela maioria das autarquias do país o fenómeno das festas de idosos, festas da terceira idade, bailes, matanças de porcos, lanches e outros eventos sócio-recreativos. Esses encontros (tendencialmente “gratuitos”) são bastante participados e quem os frequenta fica quase sempre satisfeito. De facto, os Municípios têm a incumbência de fomentar o bem-estar dos seus cidadãos e, portanto, com estas festividades poderão alegar que estão a cumprir o seu plano de actividades. Até aqui, e à partida, nada de mal.
No entanto, por cada euro que os Municípios gastam em festas, é menos um euro que gastam em obras de saneamento, em limpeza das ruas, em promoção do desenvolvimento regional ou em apoio social. Claro que gostamos que haja festas e que sejam (aparentemente) de borla! Mas se essas mesmas festividades impossibilitarem os Municípios de efectuar outras actividades mais importantes para o futuro dos concelhos, isso já é grave! Não esqueçamos que os recursos são escassos e que cabe aos executivos municipais a gestão eficiente dos mesmos. Quando os Municípios têm superavits até consigo tolerar a existência de festas sem motivo aparente mas num quadro económico em que as autarquias estão fortemente endividadas, suportar custos com festejos é quase tão inconcebível como as famílias que têm níveis de endividamento elevadíssimos e ainda pedem crédito para irem de férias.
Outro motivo pelo qual as autarquias não deviam promover estas festas de índole não tradicional, tem a ver com uma certa concorrência desleal que fomentam com as associações cívicas sócio-desportivas e/ ou recreativas. Estas sim, deveriam ser apoiadas pelas autarquias, nomeadamente na sua criação e na promoção da sua capacidade de gestão, dado que representam efectivos pólos de fixação e ocupação permanente das populações.
Claro que o objectivo principal das “festas popularuchas” promovidas como serviço público é a conquista de votos para as próximas eleições. Ninguém o assume porque não seria legalmente possível suportar os custos por intermédio das receitas públicas: teriam de ser os próprios partidos a custear tais festividades.
Não se sabe muito bem onde é a fronteira entre o interesse privado e o interesse público e os cidadãos, muitas vezes, não compreendem que aquilo que parece grátis tem de ser pago por alguém (geralmente por nós próprios), para além de inviabilizar que esse dinheiro seja gasto em outras áreas onde é mais eficiente. Os próprios partidos das oposições também não conseguiram ou não quiseram ainda explicar aos seus Munícipes que o Estado somos todos nós e não uma entidade abstracta que vive desafogadamente.
É verdade que os recursos das autarquias são escassos mas a gestão eficiente desses recursos começa na identificação das verdadeiras necessidades dos Municípios e seus Munícipes. Dever-se-ia optar pelas iniciativas estratégicas que promovem o desenvolvimento (ou seja os investimentos), em detrimento das actividades populistas (verdadeiros custos). Estas últimas podem trazer mais meia dúzia de votos mas têm um elevado custo de oportunidade no médio prazo ao inviabilizarem medidas e projectos que poderiam ser mais eficientes e com um valor acrescentado indubitavelmente superior.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Rui Unas sobre o PM

Rui Unas, ou se quisermos, o Jon Stewart da Amora interpreta uma canção sugestivamente intitulada "Eu sou o PM". Uma vez que liquidaram o Contra-Informação da televisão, onde ocasionalmente eram feitas canções satíricas, sauda-se esta forma de falar sobre política para uma audiência mais jovem. O vídeoclip é este, e abaixo está a letra. E a ver se deixamos de ser tantos a estar sentados enquanto vemos Portugal a arder!