sábado, 16 de novembro de 2013

Sobre a entrevista de Fernando Moreira de Sá

Quando em 2010, decidimos criar um blog, eu e o José La Palice tínhamos consciência do que nos rodeava. Na blogosfera havia muitos blogues que seguíamos. Alguns blogues eram isentos mas outros estavam alinhados com partidos, movimentos ou grupos de interesse. Com a entrevista do Fernando Moreira de Sá à revista Visão, temos agora a confirmação de que havia uma espécie de instrumentalização das redes sociais como forma de apoio politico a um determinado candidato.
Se alguns bloguistas tomavam as suas posições em consciência (e eu conheço alguns), outros eram uma espécie de marioneta partidária de uma estratégia que poucos conheciam mas que muitos apenas não queriam ver.

Estas novas formas de fazer politica vieram para ficar e alteraram profundamente os mecanismos tácticos dos partidos. Os partidos não são mais grupos alargados de pessoas com os mesmos ideais. Há nos partidos uma revolução cibernética que transformou as mensagens em imagens e a realidade em cusquices mediáticas. Antigamente, os partidos tinham uma mensagem e o desafio era dar a conhecer o seu teor e seduzir o maior número de votantes. Hoje, os partidos testam as mensagens e as imagens nos sites, blogues e webpages, seduzem os opinion makers e os bloguistas, tentam domar os militantes e descredibilizam os opositores dessa mesma forma.
É uma forma de fazer política pela negativa, através do uso maciço das novas formas de comunicação. Os partidos são publicidade, marketing e informática. Deixaram de ser filosofia, cidadania e politica.
Na rádio e na televisão comenta-se o comentador porque não há mensagens ou argumentos políticos para comentar, analisam-se as imagens porque os manifestos não têm qualquer interesse, confunde-se direita com esquerda porque a lógica é dividir para reinar e não pensar para governar.

Estas novas estratégias são arriscadas, muito arriscadas. Em primeiro lugar porque é difícil mantê-las no tempo e em segundo lugar porque são perversas para os próprios partidos face a uma qualquer empresa de comunicação.
Nem sempre o que parece optimo no curto prazo, se revela uma estratégia sustentável mas a pressão mediática e politica para aumentar votos é muitas vezes perversa para a estabilidade politica do país e para a própria classe politica.
Alguns bloguistas foram promovidos a governantes, outros optaram por se manterem na sombra mas os blogues passaram a ser centros de recrutamento de recursos politicos.


O desafio para quem escreve em blogues é grande. Cada um escreve o que quer mas alguns escrevem apenas aquilo que a sua consciência permite. Aqui no Dinamizar Portugal ninguém fala pelos restantes e ninguém censura opiniões. Temos contribuidores de direita, de esquerda e alguns que não gostam de politica. Mas temos sobretudo pessoas que escrevem a pensar na eficiência do país e no Bem-Estar-Social dos portugueses. Podemos escrever muito ou pouco mas não fazemos parte de nenhum estratagema partidário....e assim queremos continuar!

1 comentário:

José Lapalice disse...

Como muitas vezes, uma pessoa só conhece os pormenores da coisa quando há um membro da quadrilha que se chiba (provavelmente por não ter tido a recompensa que ele esperava).
Efectivamente, os blogs, facebook e (principalmente no meio dos jornaleiros) o twitter vieram trazer uma muito maior rapidez à forma como se faz propaganda na política portuguesa. Rapidez na forma como a mensagem é transmitida, mas também rapidez na forma como se retribui o frete, dando o job for the boy pelo trabalho de um ou dois anos a teclar no computador. Essa coisa de ter um jornalista a fazer favores a determinado partido, para passados 5 ou 10 anos receber o seu tacho, não tendo desaparecido, tem a concorrência destes "não anjinhos" da internet que querem o seu poleiro ASAP.
Eu pessoalmente nunca fui nem aspiro a ser isento quando escrevo. Mas isso não entra em conflito com o ser objectivo. Agora, a verdade é que em Portugal é dificil para mim identificar mais do que 5 pessoas que escrevam em jornais ou em blogues e que não seja transparente de imediato que as suas opiniões estão inseridas numa estratégia de comunicação para beneficiar o partido x ou y. Desde que me lembro, que por exemplo a Antena1 é um viveiro de comunistas. Ou aqueles infames artigos de jornal do Luis Delgado a defender o indefensável sobre o PSD. Enfim, os exemplos são imensos.
Mas pronto, parabéns ao Álvaro Pereira, ao Abreu Amorim, ao João Galamba, entre outros, e o muito obrigado por tudo o que já deram a Portugal fruto do seu trabalho nos social media.