Em 2005 Portalegre perdeu uma empresa emblemática, símbolo da cidade, e ganhou uma Fundação. Supostamente seria uma forma de preservar
o património industrial da Sociedade Corticeira Robinson, dignificar a cidade, aproveitar o espaço para valências culturais e
artísticas. No entanto, a Fundação "acabou" insolvente, após substituições infindáveis de administrações e muitos comentários a circular pelas mesas dos cafés e redes sociais.
O que realmente espanta é o percurso da Fundação até à insolvência e a ausência de
responsáveis, ou pelo menos de uma auditoria às decisões da Fundação, até para
potencial salvaguarda de quem por lá passou. Temos uma fundação insolvente, na qual
participaram diversos corpos sociais que saíram em desacordo com as políticas culturais,
financeiras e culturais mas ninguém acha estranho que esta acabe insolvente? Ninguém se
insurge que o legado da Robinson seja uma insolvência sem responsáveis?
Fundação Robinson - Portalegre |
Bem sei que a cidade já não
cheira a cortiça cozida e que camionetas carregadas de cortiça já não entram na cidade mas….o
património edificado, cultural e as memórias não acabam de um dia para o outro!
Os portalegrenses necessitam de saber se foi tudo feito na defesa do
interesse público ou se há algo a investigar. Não se perdem milhões numa sociedade,
muito menos numa fundação sem se perceber porquê!
Uma fundação como a Robinson nunca deveria ter sido palco de disputas nem
interesses
políticos nem se deveria ter desviado do foco da sua actuação na
conservação do espólio
industrial da Sociedade Corticeira Robinson. Não deveria a Fundação ter-se confundido
muitas vezes com a própria autarquia, sendo inclusive uma ferramenta de negociação
política.
Passados 14 anos da Fundação Robinson, sim….já são 14 anos, atrevo-me a
dizer que deu muito pouco à cidade face aos grandes planos que os criadores Município de
Portalegre e Sociedade Corticeira Robinson, tinham para o espaço, para o espólio e para
o potencial de dinamização turística para Portalegre que a Fundação significaria.
Que o espaço acabe sob a gestão de uma qualquer empresa que o reconverta em
unidade
hoteleira, até parece ser um mal menor face ao ponto a que chegámos. A
escolha parece ser entre a ruína e a requalificação para fins diferentes da sua criação. Será legal? Não há alternativa melhor?
Numa cidade pequena, patrimónios como a Robinson têm de ser geridos com um
misto de
paixão e ambição. Se a ambição parecia existir no início, ela foi perdendo
fôlego ao longo dos anos. Já em relação à paixão pela cortiça, pela cidade, pela história e
pela cultura, duvido que tenha existido em grande parte destes 14 anos, pelo menos em conjunto de
todos estes factores!
Eu sinto uma profunda tristeza por ver a Robinson neste enredo! Mas mais
tristeza tenho por a minha cidade ter permitido e considerar tolerável que uma coisa destas possa ter
acontecido!