Nos EUA existe desde há muito o conceito do "Fat-Camp", onde se colocam os miúdos badochas num sítio complexo e se obriga os mesmos a fazerem exercício e comerem melhor durante essa(s) semana(s) de estadia para ver se emagrecem.
Eu entendo que um raciocínio similar poderia ser aplicado à larga maioria dos políticos de Portugal. Por exemplo, imagina-se um indivíduo que nasceu no seio da elite de uma qualquer cidade do interior, tirou um semi-curso superior, esteve a receber salário de uma entidade pública no interior durante uns quantos poucos anos (enquanto que o verdadeiro trabalho era ligado à actividade partidária) e depois ocupou cargos da mais elevada responsabilidade política nacional. Que conhecimento tem essa pessoa da vida real? Não seria ideal fazer com que essa pessoa pudesse viver durante um mês como um português médio? Podia assumir o papel de um pai de família, com dois filhos menores e esposa desempregada, a viver no Cacém e a trabalhar como comissionista numa empresa de materiais de construção (para com dificuldade conseguir levar para casa 1000 Eur/mês) de modo a que saiba o quanto custa a vida a quem trabalha no sector privado.
Como eu sei que a minha ideia é de difícil exequibilidade, uma alternativa poderá passar por termos programas de coaching para o Primeiro Ministro ou para o Presidente da República. No caso do PM, até o Ministro das Finanças da Eslováquia poderia ser o Coach. Por exemplo, de cada vez que o PM pensasse em lançar obras públicas megalómanas e inúteis para estimular a economia, o coach Eslovaco lembraria que se calhar o melhor era mas é cancelar essas obras públicas de modo a reduzir o endividamento (como a Eslováquia fez com os projectos de auto-estradas que tinha). Ou quando fizesse um esquiço de 50 medidas mal amanhadas para dinamizar a economia, o coach diria para se deixar de tretas e não anunciar intenções futuras porque isso não seria levado a sério.
Para o PR, o coach poderia vir do país vizinho a esse sítio de agricultores que agora viraram montadores de automóveis, ou seja, da República Checa. O presidente da República Checa forneceria coaching muito útil para que o PR abandonasse o wishful thinking e se preocupasse mais com o facto de termos um défice orçamental astronómico. Se há o business-coach, o nutrition-coach, porque não o político-coach? Até podia ser um coach somente por 15 dias. Se fossem 15 dias à séria, valeria mais do que todo o 2010.