sábado, 30 de abril de 2011
Campos Cunha esclarece a troika
terça-feira, 19 de abril de 2011
Três pontos percentuais depois da morte anunciada…
Ultrapassado em muito o sinal de alerta que não foi respeitado, mais uma vez o Português chega tarde e a más horas… até a pedir ajuda!A Grécia está quase a atingir o dobro da nossa marca de hoje: 20% de juros… um desemprego galopante e persistem os problemas orçamentais.
Ainda hoje, o líder do Bloco de Esquerda acusou PSD e CDS-PP de “fingimento” nas negociações com a “troika” (palavra lida a cada paragrafo e que forçou a sua entrada no léxico) composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia que iniciou na segunda-feira as negociações com os responsáveis portugueses para delinear um plano de ajuda financeira a Portugal, após o pedido feito pelo primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, a 6 de Abril. A ajuda financeira não será suficiente se não nos ensinarem a pescar!
Eu estou prestes a escrever um: Dicionário da troika para totós.
Ouvimos ainda, que somos um país de alinhados, pois o principal partido da oposição não terá programa, porque o seu programa é o do FMI, parece também ser essa a ideia da ala mais à direita da oposição, claro está, PS e CDS-PP.
Sinto-me adicionalmente tentado para escrever um breve resumo dos últimos 25 anos… por exemplo,
Compêndio sintético do nosso Portugal: 25 anos depois
- obras públicas e construção;
- negócios para as empresas do betão;
- lucros para a banca.
Acima encontram onde devorámos o grosso das ajudas europeias a partir dos anos 80.
Todos satisfeitos dentro de um outro tipo de redoma:
- os governos mostravam obra e ganhavam eleições, e ainda criavam emprego;
- as grandes construtoras do regime, financiadoras dos partidos políticos, tinham oportunidades de negócio a perder de vista;
- os bancos, porque emprestavam sem risco, com a mais sólida das garantias - a do Estado - e assim satisfaziam os seus accionistas;
- e os portugueses em geral, porque deste modo conseguiram viver acima das suas possibilidades.
E agora…? Voltamos a 1978.
Novidade: A dívida pública espanhola também está a ser penalizada pelos mercados. Deve com certeza ser o tal receio de incumprimento. Venham mais seis meses…
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Europe's GIPSI Kings
Resolvi pedir emprestado este gráfico que encontrei hoje no Blog do Paul Krugman no NYT. Achei o gráfico muito interessante porque, na minha opinião, revela pistas sobre quais os motivos pelos quais os GIPSI (acrónimo para Grécia, Irlanda, Portugal , Espanha e Itália muito mais simpático e elegante de que o alternativo PIIGS ) enfrentam uma crise de dívida soberana. O gráfico ilustra a carga fiscal, medida em termos de receita fiscal em percentagem do PIB, em diferentes países da OCDE. E o que me chamou a atenção foi que todos os GIPSI excepto a Itália (e portanto os GIPS) tém cargas fiscais muito inferiores ao dos restantes países da União Europeia. Isto das duas uma, ou implica que nos GIPS o PIB é mais elevado que nos restantes países da UE, ou implica que a receita fiscal é mais reduzida. Acho que é obvio que a resposta correcta é a segunda opção...
E isto então suscita uma questão muito importante! Porque é que os países com uma carga fiscal mais reduzida são justamente os países vítimas desta crise da dívida. A priori, isto parece contraintuitivo dado que uma menor carga fiscal implica que existe mais margem de manobra para aumentar a receita fiscal e portanto suportar a dívida. Porque é que a interpretação dos mercados é a oposta? Por exemplo, penalizando os GIPS mas poupando a Italia e a Bélgica (dois países da UE com uma divida pública superior a 100% do PIB, um com um governo semicriminoso e o outro sem governo há quase um ano...)?
A única solução para este quebra-cabeças é que os GIPS possuem uma carga fiscal baixa não por opção mas porque não conseguem sustentar uma carga fiscal igual à dos outros países da UE. Quais os motivos desta menor capacidade da máquina fiscal? Não sei... mas suspeito que factores como a evasão fiscal, o elevado número de empresas pouco produtivas e portanto com lucros negativos e (no caso da Irlanda) um modelo de crescimento baseado no princípio da “race to the bottom” em termos de carga fiscal, poderão contribuir para uma explicação...
Paulo S. Monteiro
smont.paulo@gmail.com (comentários bem vindos)