Prova-se o doce da casa, bebe-se o café e pede-se a conta. Pedimos para tirar o couvert que não comemos mas que o restaurante tenta sempre cobrar, e enquanto pagamos a factura, … Factura?? Não, a consulta de mesa, porque em relação à factura, a empregada pergunta:
“Precisa facturinha, … pois não?”
A resposta que me ocorre, em forma de pergunta é: “Mas paguei o IVA ou não paguei?” No entanto, eufemísticamente respondo apenas: “Claro que quero!”
Parece bizarro mas esta situação é habitual em diversos tipos de relação comercial. Não se passa factura por comodismo, por fuga ao fisco ou por desconhecimento. Se pedimos a factura, o empregado olha-nos de lado, reclamando pelo trabalho adicional de emitir o “papel contabilístico” e sem querer perceber que se trata de um documento, em regra, obrigatório (conforme redacção da própria Direcção Geral de Impostos)!
Se o pagamento desse imposto é obrigatório e se o PVP engloba esse montante, porque razão continuamos a ouvir perguntas como a exemplificada no título deste texto? Porque têm os consumidores de reclamar por um documento a que têm direito quando liquidam o IVA?
A não entrega voluntária e proactiva da factura não deveria ser considerada crime fiscal?
Esta ineficiência existe ao nível das receitas de IVA para o Estado (pela eventual não entrega deste imposto) mas também ao nível do preço para o consumidor (porque pode estar a pagar um valor bastante superior por um bem), o que afecta também a concorrência entre empresas que emitem factura e empresas que são incumpridoras.
A factura devia ser emitida sempre, independentemente do montante e da ocasião! Aliás, porque não adopta a ASAE o conceito cliente-mistério, autuando todos os estabelecimentos comerciais que não disponibilizem sempre e obrigatoriamente a factura aos seus clientes? Mas os consumidores podem/devem exigir sempre factura (ou no limite dizerem apenas que necessitam de tal documento).
Se não actuamos nestas pequenas grandes ineficiências, de nada serve lamentarmos-nos que o peso da economia paralela em Portugal é grande e que os impostos estão sempre a aumentar…