Convido-vos a ler este artigo muito interessante de Corsetti, Martin e Pesenti sobre os reajustamentos internos na Zona Euro. Criar condições para a criação de novas empresas no sector dos bens transacionáveis, por exemplo através de mecanismos de apoio à expansão do crédito ao investimento neste sector, pode contribuir de modo significativo para acelerar o reequilíbrio das balanças correntes e aumentar a produtividade nos países do sul da europa.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Sugestão de Leitura
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Anticonstitucionalissimamente
Nos meus tempos de juventude,
numa época não muito longínqua mas onde não existiam consolas de jogos nem
filmes em blu-ray, tudo o que era fora do normal era rapidamente transformado
em brincadeiras e em curiosidades de criança.
Uma das diversões usuais era
conhecer quais as palavras mais longas da língua portuguesa. Anticonstitucionalissimamente* era uma das visadas por ser a maior, não técnica, das palavras portuguesas. Já na época sabia que a palavra tinha algo a ver com o não
cumprimento da Constituição. Longe estava de saber as implicações práticas e
legais de um termo desse cariz e o mesmo parece acontecer hoje com a maioria dos políticos.
Tenho alguma dificuldade em
compreender um Governo ou um partido quando informa a sociedade de ter
limitações constitucionais à sua actuação politica. Como a Constituição é a lei máxima
de um país, os cidadãos (onde se incluem os políticos) só têm duas opções: ou
cumprem a Constituição ou apresentam um plano credível e sustentável de
alteração (e mesmo assim têm de a cumprir). Dizer que estamos numa situação de
emergência social ou justificar a ineficácia das politicas com a Constituição
são mecanismos simplistas de não querer, não conseguir ou não vislumbrar a
forma de resolver os problemas.
Se a Constituição está obsoleta,
com alguns dizem, porque não se sentam à mesa com os restantes partidos e
negoceiam as alterações que têm de ser feitas? Em politica nada parece
impossível de negociar, excepto quanto os políticos colocam em primeiro lugar
divergências e disputas pessoais ou partidárias que em nada contribuem para a
maximização do Bem-Estar-Social dos cidadãos.
A Constituição nunca será um
problema sem solução e, se não for revista, continuará a não ser um problema
mas tão somente um constrangimento que deve ser tido em linha de conta na
análise e decisão das politicas públicas. Os políticos e legisladores deviam aprender o que significa
(ou pelo menos aprender a pronunciar) a palavra anticonstitucionalissimamente.
Não se tornariam em melhores cidadãos apenas por isso mas seria um principio
para compreenderem o que é a Constituição, para que serve e como se modifica!
* a palavra anticonstitucionalissimamente é a maior palavra não técnica da lingua portuguesa com 29 letras. Como curiosidade, a maior palavra da lingua portuguesa registada em dicionário tem 46 letras e é pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Com Senso*
"Irei exercer uma magistratura actuante". Estas palavras proferiu-as Cavaco Silva no discurso da sua segunda vitória em eleições presidenciais. Volvidos dois anos sobre essa data, cumpre fazer uma breve reflexão sobre o seu papel em Belém e um exercício especulativo sobre quão "actuante" será nos anos de mandato que lhe faltam.
Embora seja seu o recorde de permanência à frente de um governo da III República (10 anos, duas maiorias absolutas), Cavaco Silva procurou sempre transmitir a ideia de tecnocrata, não de político. E a sua prestação enquanto Presidente da República manteve esta linha. Durante a coabitação com o partido socialista, o seu lema foi o da cooperação estratégica. Já com Passos Coelho no poder, recusou dar corpo à Santíssima Trindade desejada por Sá Carneiro: uma maioria, um Governo, um Presidente.
Não deixando os prognósticos para o fim do jogo, atrevo-me a afirmar que o Presidente continuará, conforme prometeu, a ser um referencial de estabilidade. E, apesar de Cavaco ter garantido, igualmente, de que não abdicaria dos seus poderes constitucionais - que incluem os de dissolver a Assembleia da República, demitir o Governo e formar outro de sua iniciativa - estes parecem-me cenários inverosímeis para alguém confessamente pouco propenso a utilizar a "bomba atómica". Ainda que essa não fosse a sua natureza, o momento não o recomenda: com as dificuldades que atravessa, o país dispensa bem uma crise política a somar à económica. Cavaco está disso consciente e suponho que dispensa tal ónus.
Este Presidente da República não ficará para a história nacional como o primeiro a não conhecer eleições antecipadas durante um seu mandato. Mas julgo que Cavaco Silva será o primeiro a contrariar a tendência até aqui verificada do Presidente ter uma posição mais interventiva durante o segundo mandato.
* Artigo publicado no Diário Económico de 24.01.2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Desenvolvimento regional, do mediatismo eleitoral ao esquecimento nas legislaturas
Partilho link do meu último artigo no espaço opinião da página Parlamento Global:
http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/100619.html
http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/100619.html
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Batista da Silva chegou às páginas do Independent
O ABS chegou às páginas do Independent, um dos principais jornais diários ingleses! O mais interessante não são os factos retratados no artigo, que à parte algumas imprecisões cometidas pelo Independent, já se conheciam. O mais interessante é a secção dos comentários. Há um sentimento de que todos os economistas são charlatães... Mas na realidade, muitos dos que passam por economistas nos Media não sabem sequer do que trata a Economia!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Reformar o Estado é reinventar a sociedade!
Partilho o link do meu artigo publicado na página Parlamento Global em 14/01/2013:
http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/97434.html
http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/97434.html
domingo, 20 de janeiro de 2013
Evoluir Portugal para uma sociedade de criadores tecnológicos
Em
Portugal todos os Governos prometem sempre privilegiar a reforma da educaçao.
Eu sou um leigo em relacao ao conteúdo destas reformas educacionais, logo posso
nao avaliar a sua importancia correctamente, mas a mim parece-me que muitas das
mudanças educacionais anunciadas pelos sucessivos Ministérios sao propostas
cosméticas e sem substancia. Na disciplina de Matemática discutem-se coisas do
tipo de se a geometria deve fazer parte do currículo de matemática no 6º ano ou
só começar no 7º ano, se a tabuada deve-se aprender pelos dedos ou de cabeça,
se os alunos do 12º ano devem decorar as fórmulas das elipses ou aprender a
derivar-las, se o cálculo matricial deve fazer ou nao parte do liceu... Em
relaçao ao Portugues discute-se se no liceu devemos aprender os poemas do
Fernando Pessoa do inicio ao fim ou se basta ler a primeira e última quadra,
deveremos ler os Maias antes de discutir Eça ou basta ler a introduçao dos Maias
e um resumo de 3 páginas... Para História discute-se se devemos aprender os
nomes de todos os Reis ou se basta o rei Dom Manuel I e os Descobrimentos... Depois
discute-se ainda se é importante que as turmas tenham em média 26 alunos ou
apenas 24 alunos, um assunto dominado pelas discussoes sindicais como um
instrumento para aumentar o número de empregos em vez do seu impacto pedagógico...
Todavia,
pergunto-me se todas estas discussoes curriculares tem alguma importancia
verdadeira. Nunca se veem resultados de estudos estatísticos para as mudanças
propostas na Educaçao, o que indica que o Ministério nao está interessado em
saber o impacto das suas políticas. Por exemplo, as novas propostas poderiam
ser facilmente avaliadas pelo seu impacto em 50 escolas piloto versus um grupo
similar.
O único
padrao comum que consigo ver nestas discussoes é que o Ministério da Educaçao
reduz sucessivamente a exigencia do ensino e o número de matérias a leccionar,
talvez como uma reacçao à universalizaçao do ensino na sociedade. Como a origem
social dos alunos em cada patamar do ensino é hoje mais diversa existe alguma
pressao pedagógica para facilitar a integraçao e aprendizagem dos alunos com
maiores dificuldades. Nao digo que as mudanças curriculares sejam inúteis, mas nao estou a ver em Portugal nenhuma
estratégia em relaçao a que competencias queremos instruir nas futuras geraçoes.
O debate educacional deveria estar dominado pelo ideal que temos para a nossa
sociedade e nao por diferenças curriculares menores ou pelo número de empregos
e salários a dar aos professores. Claro, na prática a sociedade portuguesa é
diversa e por isso temos de privilegiar muitas competencias ao mesmo tempo, mas
isso nao impede que pensemos em que aspectos temos as maiores lacunas e como os
solucionar.
Uma das principais
desvantagens de Portugal é sermos um país de seguidores tecnológicos e nao de líderes.
Por exemplo, Portugal adopta a industria textil e de calcado nos anos 60,
quando era uma indústria já abandonada nos países mais desenvolvidos. Ainda nos
anos 90 Portugal favorecia o ensino politécnico de industrias em declínio e
encomendava ao académico Michael Porter um relatório sobre como promover os
nossos clusters de indústria textil! Isto revela pior visao estratégica que
países mais atrasados que nós, como a Europa de Leste, Chile, ou Argentina. Esta
é uma estratégia de convergencia com Marrocos e nao com EUA, Alemanha ou Japao.
A
educaçao portuguesa deve favorecer as capacidades úteis às tecnologias e
indústrias do futuro. A Matemática e o Ingles sao elementos curriculares
actuais que irao ser sempre úteis às geracoes futuras, pelo que o ensino deve
dedicar-lhes mais horas de estudo. Uma componente ausente do nosso sistema
educacional actual é a programaçao informática. Um exemplo que Portugal poderia
emular é o da Estónia, que está a criar um currículo de programaçao para jovens
desde os 6 anos de idade:
Dado o custo descrescente do poder computacional faz pleno sentido incluir
a tecnologia informática no nosso sistema educativo. A linguagem informática
encoraja por natureza o trabalho de grupo e é suficientemente transversal para
ser útil em todas as ciencias e profissoes. Por outro lado, parece claro que as
principais linguagens informáticas (como o C, Java, e C++) irao ser utilizadas
por várias décadas em adiante, da mesma forma que o cálculo de Newton permanece
actual.
O projecto estónio é bem mais ambicioso e útil que simplesmente distribuir
computadores. O Magalhaes em Portugal é aplicado para ensinar matérias
curriculares que os jovens já aprendiam antes! Ou seja, o Magalhaes realmente
nao ensina nada aos jovens. Talvez haja algum beneficio visual de ver as
matérias no computador em vez de no quadro com giz, mas na verdade é outra
dessas mudanças cosméticas no ensino. Mas o currículo da Estónia nao se trata
de dar computadores e sim de ensinar capacidades novas. Temos assim de passar a
educar os Portugueses para serem criadores e usuários inteligentes das novas
tecnologias, nao apenas consumidores.
Carlos
Madeira
Economista do Banco Central do
Chile
O artigo reflecta meramente a
opiniao pessoal do seu autor.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Conhecer a Crise
O mais importante para começar a compreender e encontrar soluções para combater a crise económica que enfrentamos hoje é ter boa informação, actualizada e abrangente. Muitos já conhecem com certeza, mas para os que não conheciam, visitem o excelente site Conhecer a Crise, cheio de dados de conjuntura sobre a economia portuguesa.
sábado, 12 de janeiro de 2013
Da equidade constitucional às diferenças de comportamentos
A recente polémica com as
recomendações do Ministério da Saúde e da respectiva Direcção Geral sobre
hábitos alimentares e comportamentos de risco, veio reacender a discussão sobre
a igualdade que os cidadãos têm perante a Lei e que é paradoxal com a
desigualdade de vivências sociais desses mesmos cidadãos.
Se pela lei os cidadãos são
agrupados de acordo com os seus níveis de rendimentos, o que implica o
pagamento de uma taxa de imposto similar por esses mesmos rendimentos, não é
menos verdade que cidadãos com níveis de rendimento muito dispares podem ter
comportamentos de risco similares e que motivem gastos públicos em saúde
superiores à média da população.
Por exemplo, está comprovado
cientificamente que se um cidadão fumar, tem mais risco de desenvolver doenças graves.
Para tratar uma doença desse tipo, o Estado tem de suportar despesas com
medicamentos e tratamentos hospitalares que provavelmente não teria a seu cargo
se esse cidadão não adoptasse esse comportamento de risco. Mas,
independentemente do Estado, essa entidade abstracta, suportar esse valor, quem
pagará sempre essa despesa é o cidadão comum, ao abrigo da sua contribuição em
impostos.
Se no caso do tabaco, os
fumadores defendem que os impostos específicos que pagam são mais do que
suficientes para liquidar as despesas de saúde do Estado com as doenças
resultantes dos seus vícios, no caso da alimentação, das horas de sono e de
outro tipo de hábitos, não existem impostos dissuasores que funcionem como
coeficiente do risco acrescido desses comportamentos.
É verdade que existe um prémio pessoal
implícito pela adopção de comportamentos de minimização de risco que é a expectativa
de manutenção de qualidade de vida durante mais anos. No entanto,
independentemente do cidadão adoptar um estilo de vida regrado ou o seu oposto,
a sua relação utilizador-pagador com o Estado é idêntica, o que pode ser
entendido como uma relação não equitativa dos cidadãos perante o Estado apesar
do Estado ser obrigado a ser equitativo na sua relação com esses mesmos
cidadãos.
São de facto áreas muito
sensíveis porque se referem a deveres dos cidadãos perante o Estado (ou seja,
perante os concidadãos) e apelam à sua
responsabilização na minimização dos gastos gerais dos contribuintes.
Ainda assim, estes argumentos devem ser analisados no Parlamento e podem, a médio prazo, incutir nos
cidadãos a sua auto-responsabilização para vivermos numa sociedade culturalmente
mais justa, eficiente e saudável!
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Os ministros da economia e das finanças podem entender-se?
A redução da atual taxa de IRC para
todas as empresas ou, numa medida de aplicação mais restrita, apenas para as
empresas que façam investimentos, é uma forma de tornar este imposto num imposto
mais competitivo e de promover o investimento. Aliás, o ministro da economia
anunciou a intenção de, dentro de 5 a 6 anos, haver uma taxa de IRC bastante
mais competitiva (e só não conseguiu fazer vingar a sua intenção de uma redução
imediata do IRC porque terá tido a oposição do ministro das finanças).
Mas, se assim é, porque não
começar já, de uma forma vinculativa, a garantir às empresas (que façam
investimentos) uma redução de IRC a aplicar a partir do 3º ano (por exemplo) após
a realização do investimento? Isto é, uma espécie de crédito fiscal a recuperar
a partir do 3º ano.
O anúncio de meras intenções de
redução da taxa de IRC, dentro de 5 a 6 anos, terá um impacto negligenciável nas
intenções atuais de investimento. Mas não será necessário proceder já a uma
redução de IRC, para que se promova o investimento. Bastará uma garantia às
empresas, que seja vinculativa, que beneficiarão de uma taxa de IRC mais baixa
a partir do 3º ano após o investimento.
Talvez desta forma os dois
ministros – da economia e das finanças – se consigam entender.
Não foi neste Cavaco que votei!
Admito. Votei em Cavaco
Silva. Até participei num dos seus jantares de apoio nesta recandidatura. Por
um lado não havia alternativa, o que por si só justificava o meu voto, por
outro lado acreditei que neste seu último mandato ele ia ser o “Cavaco” das
lendas, o que justificava a minha presença no seu jantar de apoio.
Sempre tive o máximo respeito por
Cavaco Silva. Não que ele fosse o anti-político de que se autointitulou. Não
que concordasse com todas as posições por ele defendidas. Mas sempre me pareceu coerente e racional nas suas posições... umas vezes mais que outras. E sinceramente acreditei que,
sendo o seu último mandato, ele iria colocar alguma ordem na política
portuguesa.
Depois ele foi eleito. Depois ele fez um discurso de tomada de posse. E depois começou a tentar
governar!
É verdade que já havia sinais
disso no primeiro mandato, mas a “crença” toldou-me a racionalidade.
OE2013
No pedido de fiscalização à
constitucionalidade do OE2013 e de acordo com o publicado pelo Sol e hoje
retomado pelo Público, Cavaco Silva escreve que “[o Governo] mantém um
tratamento diferenciado para os trabalhadores do sector público”, que “um
qualquer ‘estado de necessidade’ financeiro ou fiscal não parece autorizar a
criação de ‘impostos de classe’ portadores de um esforço fiscal desigualitário
ou excessivo face das demais categorias de cidadãos”.
Ora ao mesmo tempo que diz
que não se pode segmentar em classes, fala nas “categorias” de cidadãos! Que eu
saiba, na constituição, só há uma categoria de cidadão – artigo 4º da
constituição!
Também é incrível que, uma
pessoa com a inteligência de Cavaco, venha dizer que “desigualdade nos direitos
tudo bem, mas na carga de impostos... isso é que não”.
Claro que se Cavaco
defendesse uma taxa de impostos única, já era aceitável vir falar em “imposto
de classe”. Ou para Cavaco uns serem taxados a mais de 50% e outros a 14% é
“tratamento igual”?
Mas afinal o que quer Cavaco?
O cumprimento exemplar do artigo 13º da constituição?
Então venha o flat-tax e a
possibilidade de despedir funcionários públicos com as mesmas regras que um
privado.
Fica-se com a sensação que
Cavaco Silva PR não é o que prometia! Não foi neste Cavaco que votei!
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
O que não fazer em Marketing... num país em crise!
Gostava de saber se alguma cabeça vai rolar...
Resultado:
Muitos insultos aos coitados
dos bloguers... irritação para com a marca... e:
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