O poder e as formas de o
controlar nem sempre são discutidos em função do número de votos. Embora a
principal força politica do Governo seja o PSD, isso não implica que seja esse
partido a controlar a coligação governativa.
Isso acontece porque todas as
decisões podem ser vetadas pelo CDS. Basta ao CDS ameaçar com a demissão dos
seus membros para causar o pânico e obrigar o PSD a rever as suas decisões.
Aliás, o CDS terá muito menos a perder do que o PSD com essa ruptura politica,
colocando o partido de Paulo Portas numa posição menos desconfortável.
Mas para além desse difícil equilíbrio de poder, o CDS tem ainda necessidade de preparar a sua saída do
Governo, seja no termo da legislatura ou prematuramente no decurso de uma
demissão. Essa preparação tem passado por um distanciamento do PSD em alguns
assuntos e numa aproximação ao PS nas criticas ao próprio Governo a que
pertence.
Quando há rumores de uma suposta
demissão do Governo, como aconteceu à cerca de uma semana, temos de considerar
que isso pode ter sido uma possibilidade efectiva como pode não ter passado de
um extremar de posição para perceber quais os limites do parceiro de Governo.
Os portugueses teriam muito mais
a ganhar se esta discussão politica ocorresse de forma confidencial e não fosse
transposta para a comunicação social. Mas nem sempre a estabilidade politica é um valor mais forte do que a sobrevivência politica ou do que a
captura do poder.
A maior força politica pode não ser a líder do Governo. Tudo depende da capacidade de liderança mas sobretudo
depende dos interesses de cada partido em cada momento da coligação.
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