Todas as eleições são momentos de regeneração. Regeneram-se
os eleitos e regeneram-se os votantes. Estas eleições autárquicas foram, para
além disso, momentos de regeneração politica que trará consequências a médio
prazo. Vou cingir-me a dois concelhos nesta minha breve análise: Porto e
Portalegre
O Porto já nos habituou a surpresas. Com a vitória de Rui
Moreira (independente apoiado pelo CDS-PP e pelo anterior presidente da
câmara), tivemos mais um sinal sobre as motivações para o voto dos portuenses.
Se há quem diga que Rui Moreira beneficiou com o voto útil motivado por
sondagens que o colocavam empatado ao PS, a verdade é que a votação foi muito
expressiva e relegou Luis Filipe Menezes. ex-lider do PSD para um terceiro
lugar. A posição do anterior presidente da câmara, Rui Rio, contribuiu também
para essa orientação do voto popular.
O outro caso é o de Portalegre, onde uma candidatura
independente saída da órbita do PSD conquistou a autarquia com maioria
absoluta, beneficiando de estratégias erradas dos adversários e de uma mensagem
de vitimização (pessoal e política, aparentemente demagógica) que não foi
refutada em tempo útil e foi muito bem acolhida pela população.
Mas, independentemente dos motivos que levaram ao voto em
candidaturas independentes, o que importa é que os eleitos sejam bem sucedidos
na implementação dos seus programas e das suas estratégias na dinamização dos
concelhos.
Em qualquer dos casos (Porto e Portalegre) haverá
consequências directas e indirectas para os cidadãos, para as cidades e para os
partidos de onde as candidaturas supostamente independentes saíram.
Se, no caso do Porto, a dimensão da cidade e a capacidade de
intervenção dos eleitos é suficiente para manter a voz
politica no panorama nacional, em Portalegre isso pode não acontecer por ser
uma das capitais de distrito mais pequenas do país.
O efeito dimensão vai ser extremamente relevante para a
afirmação dos executivos e para a recomposição de elencos partidários afectados
pelo terramoto provocado pelos dissidentes. As cidades maiores lideradas por
independentes terão o seu espaço de intervenção eventualmente aumentado. Já as
cidades pequenas têm de se adaptar e encontrar formas de reacção ao mais do que
esperado e crescente esquecimento por parte do poder central e dos partidos que
renegaram.
É uma inevitabilidade do mediatismo politico nacional. É
necessário estar alerta para este risco de forma a desenvolver estratégias que
minimizem os impactos negativos e perversos das "cidades
independentes", principalmente das cidades de pequena dimensão.
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