Sou líder incontestado nas
sondagens, os votos da esquerda estão fragmentados, todos os portugueses
conhecem o meu percurso, as minhas críticas da esquerda à direita e o meu nome
no boletim consegue responder (melhor do que qualquer pessoa) a toda e qualquer
campanha que façam contra mim.
Esta filosofia política representa um risco significativo para o candidato
que provavelmente o próprio não está a considerar.
Vejamos, Marcelo está a fazer campanha eleitoral sem comícios, sem
bandeiras, brindes ou música pelas ruas. Marcelo considera que ele é a sua melhor
ferramenta da campanha. Não necessita de jotas, de boys nem de barões. Marcelo
prescindiu do pimba e faz uma campanha para as pessoas que encontra, com (poucos)
militantes (pouco) descaracterizados e sem a onda humana característica dos
vencedores incontestados.
Sendo um homem da comunicação, Marcelo deveria saber que as imagens vendem.
Ter uma campanha sem outdoors, sem cor e sem barulho é carregar um candidato
com pouco brilho e com excesso de confiança.
Marcelo não percebeu ou não lhe explicaram que o exercício presidencial
nasce da vontade do candidato mas tem de ser previamente suportado por uma base
de forte apoio social que se transforma numa corrente de votos.
O risco de estar em alta nas primeiras sondagens não é apenas o excesso de
confiança. Quando se começa em alta tem-se mais probabilidades de ter
decréscimos do que ter subidas nas sondagens. E ao contrário do que Marcelo
pensa, muitos eleitores decidem em quem votar e decidem mesmo se votam no final
da campanha.
Se todos os votos da direita estivessem assegurados, Marcelo seria o
próximo Presidente da República sem grandes sobressaltos (facilmente iria
buscar alguns votos ao centro e até à esquerda). O que Marcelo ainda não terá
percebido é que muitos eleitores do PSD e do CDS não o apoiam, pelas sucessivas
críticas que fez ao governo, aos autarcas e a membros destes partidos.
A eleição presidencial não é um dado adquirido e, sobretudo, não se pode
esquecer que se trata de um acto político que é influenciado por inúmeras
variáveis.
É provável que Marcelo Rebelo de Sousa seja o próximo Presidente da
República. Mas antes disso ocorrer é natural também que a sua “não campanha”
eleitoral se transforme numa verdadeira campanha política sem receio de apelar
aos votos, de mostrar as diferenças, de criticar as propostas dos opositores e
de agitar bandeiras em qualquer comício cheio de militantes pseudo-anónimos
cheios de vontade de mostrar serviço aos líderes das suas distritais partidárias.
A estratégia de Marcelo Rebelo de Sousa é louvável mas na realidade
politica nacional é uma espécie de roleta russa...ou tuga que tem mais riscos do que
hipotéticas vantagens.
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