quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cidades "independentes" são cidades esquecidas?

Todas as eleições são momentos de regeneração. Regeneram-se os eleitos e regeneram-se os votantes. Estas eleições autárquicas foram, para além disso, momentos de regeneração politica que trará consequências a médio prazo. Vou cingir-me a dois concelhos nesta minha breve análise: Porto e Portalegre

O Porto já nos habituou a surpresas. Com a vitória de Rui Moreira (independente apoiado pelo CDS-PP e pelo anterior presidente da câmara), tivemos mais um sinal sobre as motivações para o voto dos portuenses. Se há quem diga que Rui Moreira beneficiou com o voto útil motivado por sondagens que o colocavam empatado ao PS, a verdade é que a votação foi muito expressiva e relegou Luis Filipe Menezes. ex-lider do PSD para um terceiro lugar. A posição do anterior presidente da câmara, Rui Rio, contribuiu também para essa orientação do voto popular.

O outro caso é o de Portalegre, onde uma candidatura independente saída da órbita do PSD conquistou a autarquia com maioria absoluta, beneficiando de estratégias erradas dos adversários e de uma mensagem de vitimização (pessoal e política, aparentemente demagógica) que não foi refutada em tempo útil e foi muito bem acolhida pela população.

Mas, independentemente dos motivos que levaram ao voto em candidaturas independentes, o que importa é que os eleitos sejam bem sucedidos na implementação dos seus programas e das suas estratégias na dinamização dos concelhos.
Em qualquer dos casos (Porto e Portalegre) haverá consequências directas e indirectas para os cidadãos, para as cidades e para os partidos de onde as candidaturas supostamente independentes saíram.

Se, no caso do Porto, a dimensão da cidade e a capacidade de intervenção dos eleitos  é suficiente para manter a voz politica no panorama nacional, em Portalegre isso pode não acontecer por ser uma das capitais de distrito mais pequenas do país.
O efeito dimensão vai ser extremamente relevante para a afirmação dos executivos e para a recomposição de elencos partidários afectados pelo terramoto provocado pelos dissidentes. As cidades maiores lideradas por independentes terão o seu espaço de intervenção eventualmente aumentado. Já as cidades pequenas têm de se adaptar e encontrar formas de reacção ao mais do que esperado e crescente esquecimento por parte do poder central e dos partidos que renegaram.


É uma inevitabilidade do mediatismo politico nacional. É necessário estar alerta para este risco de forma a desenvolver estratégias que minimizem os impactos negativos e perversos das "cidades independentes", principalmente das cidades de pequena dimensão.


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