quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Marcelo 2016 – o catavento improvável

Que Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de ser o próximo Presidente da República, poucos têm dúvidas mas o sucesso da sua hipotética candidatura presidencial parece cada vez mais uma miragem. A sua excessiva exposição mediática associada ao tom crispado com que tem criticado os seus pares dentro do PSD ameaçam a sua tradicional base de apoio e começam a relegá-lo para plano secundário na corrida presidencial.

Quando o PSD definiu as características que pretendia para o próximo Presidente da Republica, mostrou um claro cartão amarelo a Marcelo Rebelo de Sousa ao garantir que não pretendia apoiar um cidadão que fosse um “catavento de opiniões erráticas em função da mediatização”. Essa posição sinalizou as intenções da actual Direcção do PSD e “obrigou” Marcelo a ir ao congresso assumir-se como Social Democrata de alma e coração! Mas esse sinal levou também outros sociais democratas a ambicionarem conquistar o mais alto cargo da nação e fazer frente ao Prof. Marcelo, casos de Santana Lopes e Rui Rio.
Marcelo Rebelo de Sousa é um homem inteligente e sabe que não pode decidir avançar para eleições com tantas incertezas. Não tem o peso no PSD que tinha Jorge Sampaio no PS e dificilmente correrá o risco de partir para eleições com alta probabilidade de derrota. Para além disso, o escândalo do BES está ainda muito verde e o tempo não apagou as amizades do comentador com a família Espirito Santo.
Claro que a Direita pode ter vários candidatos e que a entrada numa segunda volta seria o seu grande objectivo. Mas Marcelo não correrá sem apoio partidário e o PSD não o apoiará se Rui Rio ou mesmo Santana Lopes estiverem melhor quotados. E de nada valerá mostrar o seu lado de comunicador a entrevistar futebolistas ou até cantores da moda porque dificilmente isso lhe dará uma postura mais institucional e de menor catavento de opiniões.

Em política poucas coisas são certas mas Marcelo está a perder terreno nesta sua cruzada, principalmente por culpa própria. Um bom professor nem sempre é um bom político e para ganhar eleições é necessário ser-se político, o que implica falar quanto baste, acertar nos timings da decisão, saber estimar e motivar os seus apoiantes, reter os adversários e surfar na crista da onda sempre que ela surge. Para Marcelo, o mar está flat e tardará a ficar agitado para mal das suas ambições politicas…
Marcelo começará a fazer contas e chegará à conclusão que falou demasiado, criticou quem não devia, apareceu em excesso e divergiu quando tinha de estar unido. Quis ser um free-rider mas poderá ser recordado como o eterno candidato que nunca o foi porque antecipou uma potencial humilhação.

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