quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Por uma nova agenda sindical"



Modo de Funcionamento dos Sindicatos
 No próximo sábado, dia 18/06 decorrerá em Lisboa um seminário internacional sobre sindicalismo, sob o tema “Contra a Escalada NeoliberalN– Por uma nova agenda sindical”.
Diversos factores são mencionados nesse documento como críticos para a agenda dos sindicatos, nomeadamente as opções políticas tomadas pelos Estados para tentar conter as crises financeiras desde 2007, a pressão dos mercados internacionais e das agências de rating sobre as economias mais vulneráveis, o diminuto exercício da cidadania e os sucessivos planos de austeridade.
Apesar das críticas de vários sectores, o papel dos sindicatos continua a ser bastante relevante e é o garante da capacidade negocial de muitos trabalhadores. Mas os sindicatos necessitam de se reinventar. Necessitam de um novo fôlego que consiga cativar os trabalhadores sindicalizados e principalmente os não sindicalizados, sem esquecer a restante classe activa que está desempregada ou que se encontra em empregos precários.
Para além desta necessária aproximação à actual realidade laboral, os sindicatos deverão promover um afastamento gradual dos partidos políticos. Compreendo que muitos políticos tenham atracção pelo movimento sindical, principalmente à esquerda do espectro partidário e percebo que o movimento contrário “sindicatos-partidos” seja também bastante sedutor.  Mas a proximidade destes diferentes tipos de intervenção cívica acaba por enfraquecer os sindicatos e pode comprometer a necessária isenção da capacidade negocial em prol de condições de trabalho justas e retribuições equilibradas socialmente (sobretudo se existirem incentivos perversos para que tal suceda).
Certamente que este não é o único “calcanhar de Aquiles” dos sindicatos. Outros motivos existem para esta sucessiva perda de capacidade negocial. Dado que o documento em causa é um ponto de partida que será explorado no seminário de dia 18, espero possam ser debatidos também os seguintes assuntos, não menos importantes do que os anteriormente descritos:
- Diminuta rotatividade dos sindicalistas;
- Disputa entre corporações que distorcem a justiça social;
- Proliferação de mensagens fortemente politicas e pouco sindicais;
- Marcação de greves sem cumprimento dos serviços mínimos;
 - Negociação das condições de trabalho baseadas em direitos adquiridos e não em critérios de meritocracia;
- Trade-off defesa dos postos de trabalho ao abrigo de acordos colectivos vs trabalhadores precários e temporários;

Aguardemos que as conclusões deste seminário possam ser mais do que respostas meramente generalistas. A resolução dos problemas financeiros do país e as reformas que são de imprescindível (e urgente) implementação deverão apoiar-se num movimento sindical consciente dos desafios que enfrenta e, sobretudo, realista quanto ao impacto que as suas acções podem ter no desenvolvimento da nossa sociedade!

2 comentários:

Fernando disse...

Amigo,
Não sei se consigo ter tempo para intervir, pois terei que dar resposta à colocação das intervenções na net, mas se conseguir, terei em conta os temas que aqui colocas.

Outra possibilidade é ires e poderes intervir.

Abraço

Nuno Vaz da Silva disse...

Obrigado Fernando!

Seria interessante poder intervir mas infelizmente não tenho disponibilidade para estar presente. O movimento sindical é uma àrea bastante dinâmica no âmbito da ciência politica e em relação à qual tenho natural interesse/curiosidade, nomeadamente na identificação dos incentivos que influenciam as tomadas de posição dos sindicatos e respectivos sindicalistas, para não falar nas relações nem sempre muito conhecidas entre sindicalistas e partidos politicos.

Abraço e votos de um óptimo seminário