quarta-feira, 5 de junho de 2013

Definir objectivos e planear a estratégia

 A emergência orçamental e politica do país nem sempre tem permitido uma gestão eficiente das verdadeiras prioridades dos cidadãos. A inclinação do Governo pela resolução dos problemas de curto prazo não pode ser vista como uma verdadeira opção mas como uma obrigação com urgência extrema e que infelizmente coloca os assuntos estruturais num segundo plano.

Mas se o Governo tem tido outros assuntos urgentes para resolver, o país necessita de encontrar plataformas para promoção de uma discussão sobre o Estado que ambiciona, seja nos partidos políticos, nas associações ou em outros fóruns como os espaços de opinião como este onde participo.

Dizer que é necessário cortar despesas no Estado e reduzir sectores como a saúde, a educação ou a administração central, traduz-se numa discussão fútil e ineficiente quando não foi ainda definido qual o Estado que pretendemos atingir.

O tipo de Estado que queremos deve estar associado a um compromisso social alargado que promova a estabilidade das reformas e que oriente as melhorias de eficiência para objectivos concretos e mensuráveis. Esse modelo politico deve ser indissociável do volume de impostos cobrado aos cidadãos. Se queremos mais Estado, necessitamos obviamente de contribuir com mais impostos mas o inverso também tem de se verificar.

É legitimo que os cidadãos exijam um Estado mais presente como é igualmente legitimo que reclamem menos intervenção do Estado. Mas, qualquer uma destas opções tem implicações sociais e politicas que têm de ser explicadas pelos partidos aos cidadãos.

A mais importante discussão nacional tem de deixar de ser a eventual queda do Governo para passar a ser a negociação alargada do modelo social, económico, cultural e politico do Estado e suas Instituições. Só depois de negociar os termos desse entendimento é possível definir objectivos e construir a estratégia de politicas a aplicar internamente e externamente.

Nessa altura, se algum dia acontecer, perceberemos que exigir mais impostos e ao mesmo tempo reduzir a amplitude do Estado (bem como a qualidade de serviços prestados aos cidadãos) é um paradoxo social e politico que tem um timing próprio mas que está muito longe de ser uma estratégia de Governo.



Artigo de Nuno Vaz da Silva, publicado a 04-06-2013 na página da SIC, RR e Expresso: Parlamento Global e que pode igualmente ser consultado no seguinte link:

http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/129498.html




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