quinta-feira, 6 de junho de 2013

Elogio ao FMI

O FMI publicou um documento importante, em que reconhece ter cometido erros na intervenção na Grécia. O documento conclui que teria sido desejável:
  • Uma maior disponibilidade para reestruturar a dívida (tradução do economês ao português, maior perdão da dívida)
  • Maior atenção aos efeitos distributivos da consolidação fiscal (tradução do economês ao português, maior atenção às consequências económico-sociais do ajustamento)
  • Maior parsimónia no processo de reestruturação fiscal  (tradução do economês ao português, menor intervenção da Troika e maior responsabilização do Governo e agentes políticos nacionais)
  • Melhor partilha de risco entre os países da Zona Euro (tradução do economês ao português, maior solidariedade entre os países membros e transferências fiscais)
A análise é honesta e técnicamente bem executada, e reflecte uma enorme melhoria da cultura do FMI pronta a admitir erros e a mudar de opiniões, quando os estudos teóricos e a evidência empírica assim o justificam. Penso que a esta nova atitude, de muito mérito, não é alheia a influência de Olivier Blanchard, o chief economist do FMI, e um dos académicos mais influentes e sólidos que estuda a Macroeconomia.

Mas o parágrafo mais interessante do documento do FMI, é talvez o último parágrafo dos anexos:

"The Troika reflects three different institutions. This sometimes posed coordination problems: the  Fund made decisions in a structured fashion, while decision-making in the Euro Zone spanned Heads of State and multiple agencies and was more fragmented"

A UE está a cometer um erro de política económica colossal, ao insistir em políticas procíclicas até nos países do norte da Europa. O resultado têm sido uma divergência enorme entre a UE e os EUA, e o risco de uma década perdida para a Zona Euro. Tal é inaceitável. Mas a falta de reponsabilização das instituições da UE  junto do eleitorado contribuiu em muito para esta triste situação. 

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