terça-feira, 24 de março de 2015

A sociedade da competição: uma corrida para o abismo?


A vida em sociedade obriga os cidadãos a optarem por tipos de vivência que são explicáveis pelo exemplo e pela cultura dos povos mas são difíceis de compreender pela razoabilidade da existência humana.
Nos nossos tempos, todos queremos ser melhores do que o próximo. Vivemos em permanente competição até com o “eu social” para vencermos barreiras, quebrarmos recordes e marcarmos pela diferença. Nas escolas, nas empresas e até nas famílias estamos em competição constante. Todos procuram estar em primeiro lugar, ter as melhores notas, ganhar mais do que o vizinho, ter a casa maior, conduzir o carro mais potente...
Não há lugar nesta sociedade para o cidadão médio, para aquele indivíduo que quer viver a sua vida de forma agradável, em sociedade mas sem este desmedido espírito competitivo. A lógica de que não interessa ganhar mas tão somente participar pode ter sentido em alguns jogos mas é cada vez mais longínqua da vivência em comunidade.

Mas esta utopia do melhor e do maior está também a destruir a sociedade. A ambição desmedida fomenta a existência de cidadãos desanimados, desalinhados e deprimidos. Uns porque  não se sentem integrados nesta sociedade da competição e os outros porque não conseguem superar os restantes. Poder-se-á entender que a competição é a sustentabilidade da sociedade mas uma perspectiva mais céptica defenderá que não será mais do que a sua lamentável ruína a prazo.
Viver em sociedade deveria ser mais do que isto. Socializar significa tolerar e conviver com os melhores e com os piores, com os alinhados e até com os desalinhados. O exemplo dos melhores deve ser um guia para todos mas o insucesso de alguns não pode ser um outlier social.
A sociedade é o conjunto dos diversos elementos que a compõem e não a média dos seus membros.



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