terça-feira, 7 de abril de 2015

A Dona Branca da Divida Pública


As finanças públicas de inúmeros países vivem mergulhadas numa névoa que é alimentada pelas exigências dos cidadãos e suportada pelas ambições de poder dos governantes. Vive-se na "economia da divida pública". Uma espécie de Dona Branca da Divida, em que o retorno dos empréstimos é aliciante para devedores e credores no curto prazo mas no médio/longo prazo, não se sabe bem se o capital será ressarcido.


Os países verdadeiramente capitalistas alimentam esta metodologia de sobrevivência dos restantes, incentivando hábitos de consumo desadequados. Já os países que ambicionam o capitalismo (e que se julgam capitalistas) , aderem às facilidades de tesouraria disponibilizadas pelas mesmas nações que alimentam a sua dependência crescente de mais e mais capital para comprar bens fornecidos por esses mesmos países.
É um círculo vicioso muito difícil de combater. Não só os cidadãos de países periféricos querem ser como os seus pares de países ricos, alimentando uma voracidade consumista insustentável, como os países capitalistas necessitam de manter o ritmo de produção e de exportação de bens e capital para promover o desenvolvimento interno.
Isto não é economia e tão pouco é uma gestão eficiente das finanças públicas. A lógica de que a divida não se paga mas que apenas se gere é uma falácia apenas defensável pelos políticos demagógicos que vivem alheados da defesa do bem estar social como objectivo essencial da sua actuação. Esta Dona Branca da divida pública tornou-se viral mas isso não significa que seja a estratégia correcta de gestão de uma nação.

Como pretendem os países devedores pagar as dívidas públicas com taxas de crescimento negativas e com deficits constantes?

O que acontecerá quando os países credores quiserem obter o reembolso dos seus créditos e a sua máquina produtiva não tiver para onde exportar?

O bom politico é aquele que consegue fazer as melhores escolhas dentro de um cenário de recursos escassos. Endividar insustentavelmente os seus concidadãos ou os seus próprios netos para governar sem as óbvias limitações de uma economia de recursos escassos não é nem economia nem politica mas apenas fugir às evidências e à responsabilidade da sobrevivência e do bom nome de um país!

A capacidade de obtenção de crédito nunca foi, não é e nunca será ilimitada. E imaginar uma economia sem recursos escassos é uma utopia que não existe sequer no campo da ficção científica!

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