segunda-feira, 27 de abril de 2015

Cegueira intelectual!

O mundo vive numa espécie de ilusão monetária. Vive-se do crédito mas não da riqueza, paga-se crédito com mais crédito, iludem-se os cidadãos com estatísticas construídas e previsões irrealistas e continua-se a confundir crescimento económico com desenvolvimento económico.


Trata-se de um mundo sem moral, onde a utopia da sociedade perfeita deu lugar à podridão de uma sociedade corrupta e motivada por interesses privados. O bem público não passa, esse sim, de uma utopia que apenas alguns resistentes defendem enquanto não são afastados pelas redes de interesses económicos.

O problema do mundo actual não é a falta de soluções nem mesmo a falta de recursos. O grande problema da actualidade é a cegueira intelectual e a falta de ética das elites que, ávidas de alcançar o poder, não têm remorsos em mentir aos cidadãos nem em distorcer as suas análises demagógicas.


Ao contrário do que vulgarmente se diz, não foi a política que ficou refém da economia. A política capturou a economia como justificação e como desculpa para as suas decisões. Hoje fazem-se estudos económicos para dar suporte a programas de governo, como se só interessasse aos cidadãos as centésimas dos coeficientes económicos e as milésimas das percentagens.

Mais do que a economia dos “iluminados”, os cidadãos precisam de esperança, nem que seja da utopia dos antigos filósofos, que projecte o futuro, um futuro qualquer. E a sociedade necessita de organização, justiça, responsabilização e orientação.
Um Estado refém de estudos económicos é pior do que um político comprometido com interesses empresariais. É o corolário da ineficiência dos partidos aprisionados na divida que assumiram para captar votos e mais votos.

Numa época em que tudo parece (e apenas parece porque na realidade não o é) ser controlado pela economia, falta criatividade e assertividade aos políticos. Os argumentos são sempre os mesmos, os discursos enfadonhos e as eleições têm excesso de estratégia e escassez de propostas.
Não é a economia que comanda o mundo. Os homens do mundo é que ficaram sem ideias para liderar a sociedade e hipotecaram o futuro para ter crédito, o mesmo crédito que optaram por gastar e não investir.

Assim, o futuro do mundo não é risonho e o futuro do nosso país (que nem sempre é igual ao futuro do mundo) também não!

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