É ponto assente que a China terá um papel cada vez relevante na economia portuguesa, sendo que os nossos caixeiros-viajantes de serviço apostam nesse país para vender dívida pública. Facilmente se imagina que os argumentos usados passam pelo passado histórico entre Portugal e China, a estabilidade que Portugal tem por estar na União Europeia, e por aí fora. Assim só faremos maus negócios. Há que ir por outros caminhos, menos racionais e mais emocionais. E qual é uma das coisas que mais emociona um chinês? O jogo.
A minha ideia passa portanto por disponibilizar a investidores chineses a possibilidade de criarem um réplica de Macau em Portugal (para quem não saiba Macau ultrapassa em receitas de jogo Las Vegas). Isso sim, deixaria os chineses de olhos em bico! A localização óbvia para criar uma cidade do jogo é naturalmente Beja. Espaço não falta, tem um aeroporto, uma barragem grande perto, um clima soalheiro, bastantes comunistas. Só vantagens.
Os mais atentos devem já estar a pensar: “Balelas. Em Saragoza também há um plano para fazer uma megacidade de jogo chamado Gran Scala – 32 casinos, 70 hoteis – e aquilo ainda está em águas de bacalhau”. Está sim senhor, e nem vai arrancar. Ao que consta, o projecto é de um grupo de investidores meio obscuros, tendo inclusive um gestor sido preso pelo assassinato da sua esposa. E nos tempos que correm, sejamos claros, não existem na Europa muitas pessoas com capacidade de angariar os fundos necessários para este investimento.
Dando a investidores chineses a possibilidade de terem uma mega-concessão de jogo em Portugal, ficaríamos muito bem vistos aos seus olhos. O impacto na nossa economia só poderia ser positivo. Eventualmente até poderíamos finalmente vir a ter uma Chinatown (qualquer país decente tem uma e nós nicles). Obstáculos: lobbie das concessões actuais de casinos em Portugal; a ICAR; ou os carecas das Quercus contra abate de sobreiros e perda de habitat do cágado-almiscarado pigmeu. Ah, e o maior de todos, a falta de visão por parte do nosso Governo.
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