Portugal começa a ser cada vez mais como que a “bicicleta da escola”. Neste caso toda a gente parece dar uma voltinha no que à crítica da nossa (des)economia diz respeito. Desta vez a vez coube à Estónia. Podia fazer comentário pejorativos quanto ao facto da Estónia ser uma ainda recente ex-república da união soviética, ou a sua capital (Tallin) atrair pazadas de finlandeses sedentos de bebedeira a custos mais controlados durante o fim de semana. De ter um salário mínimo de 280 Eur. Ou de ser um país com tanta população como os votantes no Alegre e no Nobre. Não o farei.
Como é habitual, nada do que foi dito (pelo ministro das Finanças chamado Ligi) constitui crítica injusta e falsa. Ritmo de consolidação orçamental demasiado lento, os esforços são excessivamente moderados e porque insuficientes necessitam de ser reforçados no curto prazo, ou que ajuda externa não paga dívidas. À bruta ou muito à bruta, o homem lá parece ter conseguido que o défice orçamental seja menor que 3% do PIB e dívida pública hiper-baixa.
Assim, acho que o sénior que gosta do I-pad tem muito a aprender com ele. Até uma criança de 5 anos percebe que para consolidar as contas é preciso que despesas sejam inferiores às receitas. Superiores em 7% (incluindo artifícios financeiros) é um belo exemplo do oposto. Mas em Portugal os paineleiros e/ou “gurus” da nossa economia dos últimos 25 anos distraem a plebe falando só sobre fundo de estabilização, o papel messiânico do FMI ou se devemos ou não sair do Euro.
3 comentários:
Realmente, querem que a população acredite que orçamentos publicos, deficits e divida publica são fenómenos só compreendidos pelos "gurus", quando facilmente um bom gestor familiar poderia fazer melhor.
Esses senhores ainda não compreenderam que a Economia é a ciência das escolhas, num contexto de incertezas e com recursos que são sempre escassos.
É triste sermos alvo de chacota de outros países porque, sob qualquer pretexto eleitoral, os nossos "lideres politicos" preferem sacrificar o futuro da população do que resolver os problemas estruturais.
Não deixa de ser interessante que só hoje, passados 5 dias do teu artigo, o Diario Económico traga noticia sobre o comentário do Ministro das Finanças Ligi sobre as contas públicas portuguesas.
Mas eu até compreendo o problema do senhor. Como vai explicar ao eleitorado do seu país que tem de contribuir para um Fundo de Estabilização de uma economia europeia que não deixou a Estónia aderir em anteriores ocasiões porque apresentava uma inflacção de 6.6%? É que a Estónia tem um deficit de 1.7% e tem em curso algumas politicas (de bom aluno, apesar de não sabermos como as cumpre) para a credibilização das suas contas...
Em Portugal, houve uma época em que a pasta das Finanças era ocupada por técnicos. Depois passou a ser ocupada por politicos "à lá portugaise" e aí estragou-se tudo!
Se uma pessoa estivesse à espera que o Diário Económico fizesse bom jornalismo.....
Mas também, vamos lá a ver, nem todos os Ministros das Finanças que tivemos foram maus. Quer dizer, os resultados dos que lá passaram nos últimos 25 anos foram horripilantes. Mas à boa maneira portuguesa, quase todos os acham gente séria e boa.
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