segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Nobre erro de Coelho

Passos Coelho arriscou!
Arriscou não ganhar as próximas eleições com maioria absoluta!
Ao convidar Fernando Nobre para encabeçar a lista de deputados por Lisboa, Pedro Passos Coelho terá cometido o erro dos líderes que tentam impor candidatos desajustados em determinados círculos eleitorais.
Fernando Nobre não é da área política do PSD, criticou arduamente o candidato presidencial (e actual presidente) Cavaco Silva, apresentou um estilo de candidatura crispado e até com algumas semelhanças à conferência de imprensa de Paulo Futre (não esqueçamos que Fernando Nobre sugeria que lhe dessem um tiro na cabeça se quisessem travar o seu combate presidencial).
Não estranho que Fernando Nobre tenha aceitado o convite do PSD. Será eleito deputado e poderá ser eleito Presidente da Assembleia da República, com muito pouco a perder…
Já Passos Coelho terá mais a perder do que a ganhar!
Será que os apoiantes da candidatura presidencial de Nobre, vão votar PSD nas próximas eleições legislativas? Desconfio que não. Afinal de contas, há 3 meses atrás, Fernando Nobre assumiu-se contra o PSD e o seu candidato presidencial! Inverter a estratégia com este tempo de intervalo pode ser um tiro no pé em táctica política!
Mas o maior erro deste convite é outro. Ao colocar Fernando Nobre nas listas PSD, Passos Coelho está a afastar eleitores para o CDS-PP e para o voto em branco (para não falar na abstenção). Principalmente os votantes do centro-direita que não gostaram do estilo, da mensagem e da falta de argumentos de Fernando Nobre.
Paulo Portas apresenta-se neste momento como o politico que mais tem a ganhar com esta escolha do PSD. Tem uma mensagem clara, um discurso compreensivo e defende ideias concretas em comparação com o discurso muito erudito mas ainda pouco terreno de Passos Coelho. Com Fernando Nobre, a bandeira eleitoral do PSD pode ficar uma mistura de cores, numa espécie de fucsia que não parece suficientemente rosa para atrair votantes PS-PCP-BE nem cor-de-laranja genuíno para não deixar escapar o eleitorado de direita que está indeciso (ou até aqueles não estavam indecisos mas agora sabem que não é isto que querem).
A “contratação” de Nobre pretende levar para o PSD cerca de 500.000 votos que escaparam a Cavaco Silva. Mas o saldo só será positivo se a soma de votantes deduzida dos que optam por votar em branco ou CDS-PP for positiva. E não estou seguro que tal aconteça.
O líder do PSD melhorou em discurso o que está a piorar em táctica pré-eleitoral. Veremos como serão os resultados eleitorais para concluir se terá sido mais um erro de casting…

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