terça-feira, 19 de abril de 2011

Três pontos percentuais depois da morte anunciada…

No dia em que os juros da dívida portuguesa continuam a bater recordes, relembro o fasquia dos 7% colocados pelo Ministro da Finanças. As taxas a cinco anos chegaram aos 10,77%. E as obrigações do Tesouro a dez anos continuaram acima dos 9 por cento. Já no prazo a dois anos os juros estiveram a negociar pela segunda sessão consecutiva acima dos 10%. Os juros da dívida soberana estão imparáveis. É nos prazos mais curtos que a pressão dos mercados tem sido mais forte. Os investidores receiam que Portugal entre em incumprimento caso não obtenha ajuda externa necessária... ou deveremos chamar a este processo usura? Receio de incumprimento ou Oportunismo?
Ultrapassado em muito o sinal de alerta que não foi respeitado, mais uma vez o
Português chega tarde e a más horas… até a pedir ajuda!A Grécia está quase a atingir o dobro da nossa marca de hoje: 20% de juros… um desemprego galopante e persistem os problemas orçamentais.

Ainda hoje, o líder do Bloco de Esquerda acusou PSD e CDS-PP de “fingimento” nas negociações com a “troika” (palavra lida a cada paragrafo e que forçou a sua entrada no léxico) composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia que iniciou na segunda-feira as negociações com os responsáveis portugueses para delinear um plano de ajuda financeira a Portugal, após o pedido feito pelo primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, a 6 de Abril. A ajuda financeira não será suficiente se não nos ensinarem a pescar!

Eu estou prestes a escrever um: Dicionário da troika para totós.


Quando começa finalmente a expectável auditoria à dívida externa? Ora, esta medida que é o suficientemente legítima tem encontrado demasiada resistência em sair do papel…

Ouvimos ainda, que somos um país de alinhados, pois o principal partido da oposição não terá programa, porque o seu programa é o do FMI, parece também ser essa a ideia da ala mais à direita da oposição, claro está, PS e CDS-PP.

Sinto-me adicionalmente tentado para escrever um breve resumo dos últimos 25 anos… por exemplo,

Compêndio sintético do nosso Portugal: 25 anos depois


Governos apostam na trilogia (esta tricotomia é adaptada):
- obras públicas e construção;
- negócios para as empresas do betão;
- lucros para a banca.
Acima encontram onde devorámos o grosso das ajudas europeias a partir dos anos 80.


Todos satisfeitos dentro de um outro tipo de redoma:
- os governos mostravam obra e ganhavam eleições, e ainda criavam emprego;
- as grandes construtoras do regime, financiadoras dos partidos políticos, tinham oportunidades de negócio a perder de vista;
- os bancos, porque emprestavam sem risco, com a mais sólida das garantias - a do Estado - e assim satisfaziam os seus accionistas;
- e os portugueses em geral, porque deste modo conseguiram viver acima das suas possibilidades.


E agora…? Voltamos a 1978.


Novidade: A dívida pública espanhola também está a ser penalizada pelos mercados. Deve com certeza ser o tal receio de incumprimento. Venham mais seis meses…

Sem comentários: