quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ciclo vicioso do subdesenvolvimento

A generalidade dos politicos portugueses não conseguiu ainda explicar aos cidadãos porque existem assimetrias regionais e porque não conseguem as regiões desfavorecidas (principalmente do interior) dar o salto que se impõe em prol do ambicionado e necessário desenvolvimento sustentável.
Como forma de alertar para este problema não só do Alentejo mas de várias outras regiões, deixo aqui um diagrama em que tentei resumir as causas do subdesenvolvimento e as suas implicações práticas.
Enquanto nada for feito, o ciclo vicioso não mudará!!


4 comentários:

Paulo disse...

Olá Nuno,

Acho o diagrama interessante. Mas tenho uma dúvida: o número de deputados eleito por cada círculo eleitoral é redefinido com frequência? Penso que não, e neste caso é menos óbvio que a dinâmica de desrepresentão política devido ao êxodo demográfico seja significativa.

Outra questão: quando dizes que algumas regiões são desfavorecidas, a que te referes? Menor provisão de bens públicos nas regiões do interior?

Ab,
Paulo

Nuno Vaz da Silva disse...

Boas!
Sim, é revisto proporcionalmente em função do coeficiente de população. A última revisão ocorreu em 2009, pelo que não devemos ignorar este impacto. Aliás, seguramente que existirá uma correlação positiva entre circulos com mais deputados e a defesa de diplomas que incidam principalmente nesses circulos (seria interessante comprovar este impacto).
Quando falo em regiões desfavorecidas refiro-me a uma menor provisão de bens públicos mas também a um menor dinamismo socioeconomico motivado pela fuga de população, pelo fecho de empresas, por rendimentos per capita inferiores à média nacional e pela reduzida expectativa de desenvolvimento futuro.

Paulo disse...

Mas se o desfavorecimento a que tu te referes diz respeito ao menor dinamismo económico, não é evidente qual o papel desempenhado pelo ciclo político que tu descreves. As funções económicas do Estado incluem fundamentalmente a fixação de impostos (que é uniforme a nível nacional) e a provisão de bens públicos (que é local). Portanto acho que há outros elementos bem mais importantes para explicar o empobrecimento do interior. Infelizmente, a geografia económica do interior português é difícil. Na minha opinião, é importante apostar em sectores e industrias de elevado valor acrescentado, com capacidade para a exportação. Alguns tradicionais tais como o sector agro-alimentar, a cortiça, o turismo. Mas também a tecnologia: equipamentos, energia, industria química. Achas que isto faz sentido?

Nuno Vaz da Silva disse...

Sim, faz sentido mas essas empresas não se fixarão no interior sem bases logisticas, sem acessibilidades...no fundo, o interior está em competição com o litoral e numa óptica de coesão, deveria ser o Estado a fomentar a retoma económica do interior. Mais ainda, porque não coloca o próprio Estado serviços e empresas públicas no interior? Afinal de contas, esse modelo de desenvolvimento já serviu o país e funcionou.
Eu não sei se conheces a realidade do interior português mas é interessante comparar por exemplo os casos de Castelo Branco e Portalegre. Há 20 anos atrás, Castelo Branco era uma amostra de Portalegre em empresas, pessoas e dinamismo socioeconomico. Entretanto o Estado dotou Castelo Branco de Bens Públicos e entidades administrativas do próprio Estado (auto-estrada, serviços administrativos e até empresas privadas com apoio do próprio Estado). Hoje as duas cidades estão irreconheciveis, sendo que não identifico nenhuma outra mudança de fundo, excepto as decisões públicas que possibilitaram esta inversão de papéis. É verdade que essas são as funções económicas do Estado mas não nos esqueçamos que as funções politicas são mais vastas e de dificil quantificação para avaliar o seu impacto no desenvolvimento de determinada região. Portanto, concordo contigo mas, estando uma região dentro da bola de neve deste ciclo vicioso, não identifico nenhuma outra forma de ultrapassar o problema sem uma intervenção do Estado (nem que seja na efectiva formação do capital humano e no apoio ao empreendedorismo)