segunda-feira, 23 de maio de 2011

Participem portugueses! Não se acanhem!

Para uma economia ser eficiente, é desejável que exista concorrência entre os diversos players. Se a oferta for maior, o preço terá tendência a ser menor.
Numa democracia, este mecanismo de ajustamento também existe. Se houver maior participação dos cidadãos, os políticos tendem a ser mais responsabilizados pelos seus actos e pela sua dedicação à causa pública, o que motivará uma gestão mais eficiente do Orçamento do Estado!
Parece simples:
Sendo assim, porque evitam as pessoas participar na vida democrática? Poderemos dizer que nem todos se identificam com os ideais de um partido (se é que os partidos ainda têm ideais…), o que é perfeitamente aceitável. Mas nem só de partidos vive a sociedade. Podemos participar enviando sugestões à Assembleia, aos Partidos, ao Presidente da República. Podemos ainda escrever em jornais, em blogs, nas redes sociais, podemos participar activamente em conferências e debates. Afinal de contas, perguntar e dar opinião não ofende ninguém!
Mas, apesar de tanta facilidade para sermos activos na sociedade, muitos preferem não se expor e adoptar o comportamento de cidadão passivo. Uns por receio de eventuais represálias, outros por estarem alinhados com interesses, e alguns por não terem sequer opinião (mas desses não reza a história).
E isso não acontece apenas com as classes etárias mais altas. Mesmo entre os jovens que deveriam/ poderiam ser irreverentes e defensores do seu país, isso não acontece.
A saúde da nossa democracia depende da participação de mais portugueses. Não basta falar mal do país e dos políticos no táxi ou no café. Não chega ir a manifestações e apresentar problemas sem se ter uma solução! É preciso transformar todo esse descontentamento em acções sustentadas de críticas positivas. Temos de sugerir alternativas, adoptar medidas, apresentar soluções!
Mas, por muito que se fale nestas coisas, tardamos a reagir. Há blogues mas as pessoas preferem não escrever, não questionam os responsáveis políticos, alinham em comportamentos de rebanho sem colocar em causa os líderes nem as suas competências…
Confesso que não sei se tal acontece por receio ou simplesmente porque isso não tem reflexo financeiro. Daí que frequentemente me questione se os portugueses (em geral) são medrosos (não confundir com palavra similar mas com teor pejorativo) ou se são gananciosos ao ponto de se auto-arredarem dos destinos do seu país.
Mesmo aqueles que querem participar, acabam por desistir por cansaço, por terem coisas mais interessantes para fazer, ou por sentirem que o esforço foi em vão.
Aqui deixo a provocação, principalmente aos mais novos, aos meus amigos, colegas e conhecidos! Não vale a pena passarem a vida a lamentarem-se dos governantes que têm se não fizerem nada para mudar os seus comportamentos!
Temos competência, pessoas que podem e sabem fazer mais e melhor! Basta que queiram! E essa parte, a mais importante, tem faltado e é causa do actual estado do País!
Não enterrem a cabeça na areia nem atirem a culpa para os outros!
A responsabilidade é de todos!

4 comentários:

Jose Lapalice disse...

Querer ou não querer, eis a questão. E as evidências demonstram que há muitos, mesmo, que não querem que os nossos políticos mudem e ainda menos que Portugal mude o rumo que tem seguido.

Nuno Vaz da Silva disse...

Concordo contigo. Não compreendo como é que tantos portugueses se sentem confortáveis e felizes com o modus operandi de tantos politicos e com a forma com que os nossos recursos têm sido geridos!

Jose Lapalice disse...

Eu tenho alguns palpites, mas já estou como o Mourinho. Se falasse tudo o que queria sobre a atitude dos jovens portugueses "médios", acabava a minha "carreira" como blogger :). Em bom português, o que é facto é que há muito boa gente que vive, passe a expressão, à mama deste estado de desgoverno que temos assistido em Portugal desde o 25 de Abril, que só foi distribuindo benefícios, regalias e direitos adquiridos, mostrando pouca ou nenhuma preocupação com o crescimento e sustentabilidade do nosso país. E os jovens em vez de aspirarem a mudar o status quo, querem é também ter o seu lugarzinho no fabulástico mundo dos direitos adquiridos, sendo contra mudanças que consideram eles.....retrocessos civilizacionais.

Nuno Vaz da Silva disse...

os célebres direitos adquiridos...
Esta filosofia de vida em que o Estado, essa entidade abstrata e abastada, que pode dar uma boa qualidade de vida à sociedade, sem esforço dos cidadãos vai um dia terminar por não ser sustentável. Mas poucos têm coragem de colocar o dedo na ferida. A mudança é sempre dificil de implementar mas é mais dificil quando para mudar é necessário convencer pessoas que vamos evoluir como sociedade mas para isso eles têm de começar a trabalhar e deixar de viver às custas dos outros!