Desde 23 Março, data da demissão governamental, a agenda política tem sido rica em peripécias pouco enriquecedoras para um país que necessita de evoluir.
O país não mudou muito desde então. Os partidos de oposição, excepção feita talvez ao CDS-PP, continuam a fazer tudo para fugirem à responsabilidade da governação. Bloco de Esquerda e Partido Comunista dizem-no expressamente: são contra o regime e a sua sobrevivência é garantida por esta atitude contra-poder. Já o PSD é mais difícil de analisar. Pelo discurso politico, transmite que pretende governar, e com maioria absoluta. Já as acções, dizem-nos o contrário. Vejamos: Um partido que convida o adversário do seu candidato presidencial para cabeça de lista ao mais importante circulo eleitoral do país (esquecendo os distintos militantes que terá nas suas bases), um partido que não consegue falar em uníssono desmontando os argumentos do adversário, um partido que teima em não se distanciar da concorrência eleitoral apresentando uma agenda própria, um partido em que o líder fala mais do concorrente do que das propostas do partido, um partido que convida na comunicação social outro partido a formar governo (sem existir uma coligação prévia e elogiando as capacidades desse líder), (…) um partido que se prejudica a si próprio, não pode querer ganhar eleições!
Manuela Ferreira Leite não quis ganhar eleições ao recusar qualquer comício eleitoral (embora os tenha feito posteriormente). Acredito que Passos Coelho quisesse ganhar eleições mas desta forma será difícil! A minha dúvida neste momento é: O PSD não quer ganhar as eleições e esta estratégia tem esse objectivo ou quer ganhar as eleições mas está em pânico com as sondagens, o que motiva esta lastimável táctica eleitoral.
Não tenho dúvidas que Portugal necessita de uma evolução, de um novo paradigma de desenvolvimento que altere a forma de fazer políticas públicas. Mas Portugal necessita de pessoas que saibam e queiram governar em função desta ambição que possa evitar uma nova bancarrota daqui a 2 ou 3 anos. E, em primeiro lugar, de nada serve querer governar se não se sabe/consegue vencer eleições!
Para além disso, os portugueses continuam a egoisticamente esquecerem os seus descendentes e a pensarem apenas em si próprios. Eu sei que a oposição não explica bem mas, se gastarmos o dinheiro hoje, se não investirmos e se não pouparmos, serão as gerações vindouras que terão de pagar as dívidas e os juros das mesmas, hipotecando as suas potencialidades de desenvolvimento!
Os eleitores não querem nem precisam conhecer análises técnicas, explicações eruditas e argumentos falaciosos. Mas dificilmente esquecem exemplos simples, concisos e que impliquem os próprios! Experimentem dizer a um pai e a uma mãe que podem hoje receber € 200 mas, para que tal aconteça, os seus filhos têm de pagar € 500 no próximo ano. Será que esses pais optariam por receber esses € 200? A realidade portuguesa não é muito diferente, está é mal explicada!
1 comentário:
Se esses 200 euros forem a diferença entre comer hoje e passar fome, porque não? Sabe-se lá o que o amanhã trará e podesse sempre esperar que quem deu esses 200 hoje dê os 500 de amanhã, talvez contra 2000 a pagar no ano seguinte (que, quando lá se chegar, logo se verá como as coisas se passam de novo). Mesmo bem explicado as conclusões do que fazer não são assim tão lineares...
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