quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um plano em 5 pontos para solucionar a crise da zona euro:

  1. O EFSF (European Financial Stability Fund) emite divida imediatamente. A nova divida emitida é comprada pelo BCE que para isso imprime a quantidade de euro necessária para garantir que o preço desta dívida seja igual ao da alemã.
  2. Com a receita da emissão de dívida o EFSF assegura o serviço da dívida de todos os países membros da zona euro que não conseguem emitir divida a um preço próximo do da dívida alemã.
  3. Em contrapartida, todos os países membros que beneficiem deste mecanismo asseguram um saldo primário de zero ou excedentário. Para alcançar este objectivo: A) parte substancial da despesa em proteção social é assegurada por um novo fundo de coesão europeu; e B) a despesa nas forças armadas é reduzida de forma draconiana. Para isso, as forças armadas dos vários países membros são incorporadas numa nova força militar da UE (financiada por um imposto sobre a transações financeiras tipo Tobin, 2% do PIB da UE é suficiente para financiar esta nova força militar comum).
  4. No periodo de um ano, organizam-se eleições para o Parlamento Europeu (PE), e o novo presidente da Comissão Europeia é eleito pelo PE. Os candidatos elegíveis tem que ser deputados ao PE.
  5. A idade de reforma aumenta para 69 anos em todos os países da UE.

Questão para os mais pragmáticos: que elementos deste plano são realizáveis (desejáveis) e quais não o são?

Paulo S. Monteiro

Smont.paulo@gmail.com

(comentários bem vindos)

4 comentários:

Nuno Vaz da Silva disse...

Paulo, os meus parabens pela coragem em identificar um policy mix sustentado para resolver os problemas que a Europa enfrenta.
Não sou apoiante incondicional da emissão de obrigações para financiar a divida e penso que essa opção esbarra mesma na intransigência alemã em fechar-se em si própria (numa espécie de proteccionismo politico, como eu opto por chamar).
Ainda assim, e pelo que percebo, teriamos um aumento da inflacção que seria benéfico para o aumento do emprego mas em contrapartida teriamos aumento nas taxas de referência do BCE, o que penalizaria empresas e familias.
Mas o grande problema seria o ponto 3. Unir as forças armada em países culturalmente tão diferentes seria uma tarefa herculea, para não falar das forças de bloqueio a essa junção, bem como à dispensa de militares. Fazer essa incorporação contra as forças militares seria o caos. Quanto ao regime de protecção social, nem todos os países têm a mesma postura quanto aos apoios sociais (desemprego, reforma, baixas). Reformar estes apoios com base na mediana de apoios actualmente existentes levaria a inúmeros protestos e provavelmente a algumas injustiças! Quanto ao ponto 4 não sei qual seria o alcance dessa medida. Ganhariamos alguma coisa com essa alteração institucional? Haveria mais representatividade??
No que diz respeito ao ponto 5, mais cedo ou mais tarde lá chegaremos e é preferivel que seja depressa para não haver falência das reformas. No entanto, nunca percebi porque é que uma pessoa que começa a trabalhar aos 16 anos, tem de se reformar com a mesma idade de alguém que começa a trabalhar aos 30...

Jose Lapalice disse...

1 - Se a consequência imediata é a Alemanha ter mais inflacção, é de esperar que a Alemanha queira ter bastante mais poder sobre a política orçamental e fiscal dos países.
2 - Isso é coisa para se ter de imprimir muita nota
3 - Portanto iria-se harmonizar a protecção social entre vários países europeus? Não creio ser possível em menos de um prazo de 10 anos. Forças armadas comuns da UE? ahahahahah. que piadão Paulo. Totalmente impossível. A história é tramada neste ponto.
4 - Se os poderes do presidente da Comissão continuarem os mesmos (basicamente um relações públicas), não aquece nem arrefece.
5 - Ok. E as reformas antigas, daqueles que se reformaram aos 50 anos, p.ex., não se vão ser afectados?

Jose Lapalice disse...

A título de exemplo, veja-se como é a política externa comum (se é que existe) da União Europeia, para por comparação perceber da dificuldade de um exército europeu comum. Só olhando para quem foi escolhida para o cargo, se percebe que é uma anedota.

Paulo disse...

Obrigado pelos comentários. Em relação à eleição do presidente da CE pelo Parlamento Europeu, acho que o ganho em termos de representatividade democrática seria muito bom e poderia acelerar o processo de integração política (muito importante para o sucesso do Euro). A reforma do sistema de pensões é indispensável e acho que adoptar uma lei comum a todos os países da zona euro seria um sinal de união muito importante. No curto prazo, uma maior intervenção do BCE é indispensável. Vejam a este respeito um texto interessante do economista Charles Wyplosz:
http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7296