O Soft Power tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, em oposição ao antigo poder das potências mundiais caracterizado por poder económico, poder militar e poder de influência.
Mas o que é o Soft Power? O conceito Soft Power surgiu em 2004 com o livro de Joseph Nye denominado “Soft Power: The Means to Success in World Politics”. Traduzido à letra significa poder ligeiro ou o poder brando. Na prática, trata-se da habilidade em utilizar um conjunto alargado de factores endógenos para a afirmação de um país ou de uma região e, com isso, captar investimentos públicos, atrair empresários e turistas. Algumas publicações efectuam rankings anuais de países com base nos soft powers e na capacidade e/ou criatividade em explorar esses pequenos poderes. Um exemplo é a revista internacional “Monocle” cujo ranking tem em consideração factores tão variados como o número de prémios Nobel, o número de medalhas olímpicas, a taxa de criminalidade, o número de ONG`s (Organizações Não Governamentais), o número de turistas ou a quantidade de marcas registadas.
Sendo um conceito relativamente novo em Portugal, há margem para uma determinada localidade ou região apostar nesta área como trampolim para o desenvolvimento. Falando no caso particular do Alto Alentejo, temos inúmeros factores que podem ser considerados soft powers. Dos textos de José Régio, à doçaria conventual, das competições de todo o terreno aos produtos certificados, do “Triangulo Turístico Marvão – Castelo de Vide – Portalegre” à qualidade das nossas águas, das paisagens verdejantes do Parque Natural da Serra de São Mamede aos saberes tradicionais, da cultura do povo à situação geográfica, da qualidade das instalações turísticas à riqueza gastronómica, …. o Alto Alentejo tem um conjunto diversificado de mais-valias que pode promover estrategicamente de forma conjunta com o objectivo de chamar pessoas, trazer empresários, dinamizar a economia.
Como é que o pode fazer?
Com artigos de jornal, newsletters, comentários em blogs, criação/dinamização de grupos e páginas em redes sociais, partilha de vídeos, divulgação das mais-valias em revistas ou fóruns internacionais, criação de associações e movimentos de cidadãos… E, depois de conseguir trazer pessoas, importa não defraudar as expectativas criadas, tornando qualquer vinda ao Alto Alentejo numa experiência única e inesquecível! São estes pequenos factores que podem contribuir para a dinamização de uma localidade, de uma região e de um país.
Sem poderio militar, sem transferências de fundos comunitários, com os cortes ao investimento público, com perda de população e envelhecimento dos residentes e com significativa redução do tecido empresarial, temos de adoptar outra estratégia. Necessitamos de identificar oportunidades e casos de sucesso internacionais (como é o caso dos soft powers) para nos destacarmos e invertermos o ciclo vicioso do subdesenvolvimento de que falei aqui neste mesmo jornal em 20/11/2008. (este artigo pode ser lido aqui)
Através destes pequenos poderes temos a oportunidade de dotar esta região de um verdadeiro desenvolvimento sustentado. Este é um desafio não apenas para as entidades públicas mas também para os cidadãos. Todos podemos, dentro das nossas possibilidades, contribuir para o desenvolvimento integrado do Alto Alentejo!
Nuno Vaz da Silva
Este artigo foi publicado na edição de 15/02/2012 do Jornal Alto Alentejo e pode ser lido também no blog Deseconomias
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