As operações de fiscalização das forças de autoridade durante períodos festivos têm sempre um final dramático mas também pouco humano. Comparam-se mortos, feridos graves e feridos leves, como se estivéssemos perante estatísticas desprovidas de valores sentimentais. Mas podemos comparar pessoas da mesma forma que comparamos outra coisa qualquer como as vendas de carros ou o numero de empresas por habitante…?
As divulgações do número de mortos passou a ser o corolário das festividades. Liga-se a televisão ou a rádio e somos invadidos por notícias ou imagens de acidentes, por sirenes a tocar e por agentes da autoridade a dar entrevistas. Este período de Carnaval não foi indiferente a esse fenómeno. Segundo as últimas noticias que li, terão morrido “8 pessoas nas estradas, mais uma do que o registado na operação do Carnaval em 2011”! Vou repetir, “mais uma do que o registado na operação do Carnaval em 2011”!
Se a utilização das operações policiais como forma de reportagem televisiva para ocupar tempo de antena me parece mau jornalismo (principalmente quando se trata do pós período festivo em que já não está em causa nenhuma tentativa de sensibilização dos condutores de veículos motorizados), a comparação de mortos merece a censura social!
Mesmo que do ponto de vista estatístico faça sentido comparar números de períodos homólogos, as conclusões e respectivas declarações devem ser revistas em função dos resultados. É claramente falacioso dizer que houve mais um morto em 2012 do que em 2011. Afinal de contas morreram 8 pessoas ou 1 pessoa durante esta operação? É que se efectivamente faleceram 8 pessoas, é completamente descabido afirmar que morreu “apenas” mais uma pessoa que em 2011 (não terão morrido mais 8 pessoas??)!
As estatísticas são como a economia e muitas outras ciências com aplicação social! Desprovidas do mundo real têm tendência a deturpar a realidade dos factos!
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