quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Balelas televisivas ocupam deputados carentes


A novela do visionamento de imagens não editadas da RTP por parte das forças de autoridade é um bom exemplo da ineficiência do Estado português. Todos parecem preocupar-se com mexericos e ninguém parece disponível a parar um minuto para pensar no ridículo da situação, senão vejamos:

Temos duas entidades públicas, pagas pelo Estado e que prestam serviço público. Uma entidade pediu a outra entidade (com o mesmo patrão) para ver uns vídeos de algo que se passou na praça pública e que envolve agressões às autoridades e danos no património (também público). Como parece ter havido um problema de autorização, temos um conjunto de deputados eleitos pelo povo em sufrágio universal a divagar sobre o que terá acontecido sobre este tema.
Ainda que tenha existido um problema de autorização para visionamento das imagens, deveria ter ficado confinado à própria televisão pública que terá certamente normas e procedimentos instituídos para este tipo de situações.
Independentemente desse pormenor de gestão empresarial, não podemos fechar os olhos para as agressões e para os delitos que se registaram e sobre os quais é naturalmente importante identificar e sancionar os prevaricadores. A pertinência e a utilidade pública do visionamento das imagens parece portanto inabalável (a não ser, eventualmente, pelos defensores da anarquia como regime politico).

Mas o mais desconcertante deste caso são as sucessivas reportagens de reuniões repletas de deputados a interrogarem as mais diversas personalidades sobre assuntos menores, quando o país está carente de reformas estruturais! E isso acontece tanto com imagens de agressões e com os mais variados assuntos para os quais são criadas comissões de inquérito sem qualquer objectivo relevante que vise a melhoria do bem estar social do cidadão comum!

Será que os deputados da nação têm consciência de que caminhamos em direcção ao empobrecimento colectivo e ao definhamento da actividade económica? (independentemente do bom ou mau trabalho que o actual governo está a fazer) E será ainda que conhecem as realidades do interior esquecido e em quebra de população? (estes são apenas dois exemplos)

É verdade que pensar sobre estes assuntos dá trabalho e que mais vale discutir meia dúzia de balelas opinativas se estiver garantido o mediatismo das divagações. Mas não venham mais tarde a queixar-se de que os cidadãos não ligam à política e que não confiam nos seus políticos!

Pudera!

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