A novela do visionamento de
imagens não editadas da RTP por parte das forças de autoridade é um bom exemplo
da ineficiência do Estado português. Todos parecem preocupar-se com mexericos e
ninguém parece disponível a parar um minuto para pensar no ridículo da situação,
senão vejamos:
Temos duas entidades públicas,
pagas pelo Estado e que prestam serviço público. Uma entidade pediu a outra
entidade (com o mesmo patrão) para ver uns vídeos de algo que se passou na praça
pública e que envolve agressões às autoridades e danos no património (também público).
Como parece ter havido um problema de autorização, temos um conjunto de deputados eleitos pelo povo em sufrágio universal a divagar sobre o que terá
acontecido sobre este tema.
Ainda que tenha existido um
problema de autorização para visionamento das imagens, deveria ter ficado confinado à própria televisão pública que terá certamente normas e procedimentos
instituídos para este tipo de situações.
Independentemente desse pormenor
de gestão empresarial, não podemos fechar os olhos para as agressões e para os
delitos que se registaram e sobre os quais é naturalmente importante
identificar e sancionar os prevaricadores. A pertinência e a utilidade pública
do visionamento das imagens parece portanto inabalável (a não ser,
eventualmente, pelos defensores da anarquia como regime politico).
Mas o mais desconcertante deste caso são as sucessivas reportagens de reuniões repletas de deputados a
interrogarem as mais diversas personalidades sobre assuntos menores, quando o
país está carente de reformas estruturais! E isso acontece tanto com imagens de
agressões e com os mais variados assuntos para os quais são criadas comissões
de inquérito sem qualquer objectivo relevante que vise a melhoria do bem estar
social do cidadão comum!
Será que os deputados da nação
têm consciência de que caminhamos em direcção ao empobrecimento colectivo e ao
definhamento da actividade económica? (independentemente do bom ou mau trabalho
que o actual governo está a fazer) E será ainda que conhecem as realidades do
interior esquecido e em quebra de população? (estes são apenas dois exemplos)
É verdade que pensar sobre estes
assuntos dá trabalho e que mais vale discutir meia dúzia de balelas opinativas
se estiver garantido o mediatismo das divagações. Mas não venham mais tarde a
queixar-se de que os cidadãos não ligam à política e que não confiam nos seus
políticos!
Pudera!
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