Em Portugal reina o calculismo político em detrimento do “superior interesse nacional”. Os mais variados actores políticos gerem as suas agendas mediáticas e eleitorais, sem se preocuparem com os efeitos que as suas divagações demagógicas produzem no país e nos mercados externos. O PS tenta derrubar mais um líder da oposição, radicalizando o discurso da não cooperação institucional. O PSD quer ser Governo mas não sabe bem quando nem como e ainda não decidiu de que forma deverá deixar que o orçamento do próximo ano seja aprovado sem beliscar os interesses do seu eleitorado de apoio. O Bloco de Esquerda está a perceber que pode ser a solução para a viabilização do orçamento mas tenta afastar-se desse caminho que lhe poderá ser mais inconveniente do que benéfico. O CDS pretende manter o estatuto de força política de governo e apresenta soluções construtivas. A ver vamos o que acontecerá se o PS tiver de ir bater à porta do Largo do Caldas para viabilizar o orçamento….
O PCP tem pouco a ganhar e quase nada a perder com esta crise a não ser que o seu candidato a Presidente da República tenha um resultado eleitoral inferior à base de apoio do próprio partido. No entanto, está garantida uma maior pressão pública dos sindicatos, o que lhe será favorável se for bem aproveitado.
Manuel Alegre está entre a espada e a parede. Se fala de crise, ou melindra o discurso do Bloco de Esquerda ou o do PS. O melhor que lhe poderia acontecer era um acordo entre estes dois partidos que viabilizasse o orçamento (embora a ala mais liberal do PS não queira sequer imaginar este cenário).
Fernando Nobre podia aproveitar este cenário mas perde em discurso aquilo que ganhava em notoriedade pública. Veremos se a sua candidatura se consegue revitalizar e chegar às eleições!
O Presidente da República Cavaco Silva tem muito a ganhar. A luta entre os partidos só o poderá fortalecer, embora provavelmente fique (ou já esteja) com a consciência algo pesada por não ter feito, a seu tempo, mais para evitar este pântano. Afinal de contas, o resultado da cooperação institucional está a ser desastroso para os portugueses.
Com todo este calculismo, os juros da divida publica sobem insistentemente, o desemprego aumenta, os mercados externos desconfiam da nossa capacidade de cumprir os compromissos e os técnicos do FMI bem podem já estar a fazer as malas porque mais vale que nos acudam depressa!
Afinal de contas onde pára o “superior interesse nacional” no meio destes actores políticos?
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