segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Projecto Farol(im)

Volta na volta, surgem em Portugal manifestos de cariz mais ou menos sério. Assim como há uns anos surgiu o “Compromisso Portugal”, cujos resultados passados 6 anos tenho dificuldade em vislumbrar, este ano saiu mais um. Desta vez com um nome mais original: “Projecto Farol”.

Vem em todos os livros de gestão que os objectivos devem ser SMART – Specific, Measurable, Attainable, Relevant and with Time-bound. Ora, é relativamente aceitável que as 12 propostas de acção do “Projecto Farol” (http://projectofarol.com/documentos/farol_summary_presentation_v11.pdf) sejam algo genérico. São orientações estratégicas deduz-se. Agora, escrutinando um pouco mais essas propostas, e tomando como exemplo a proposta 5 – cultura de mobilidade – o que consta na página 26 da versão preliminar de 27.05.10 é de uma generalidade gritante. Não consigo vislumbrar nesta página nada que se possa co-substanciar em algo de concreto. Aliás o título da Proposta, "Comissão para a Produtividade" já deixa todos os meus cabelos em pé. E este tipo de problemas está presente em outras propostas, se bem que um pouco mais diluido, mas a meu ver com uma enorme margem para as mais díspares interpretações subjectivas.

Mas indo às propostas em concreto. Acho incrível como não se abordar, nem sequer levemente, a questão da reforma do dito estado social, mais concretamente, as reformas da segurança social. É inexoravelmente uma questão de aritmética simples, de merceeiro mesmo, concluir que com os encargos actuais e futuros, e com a evolução demográfica dos portugueses, o sistema actual vai falir. Sei que este é um assunto que muitos milhões de portugueses não admitem discussão, pois tratam-se de “direitos adquiridos”. Mas, com situações de pessoas que acumulam mais do que uma reforma (a começar pelo PR) e que ainda têm o displante de ocupar um posto de trabalho, qual é a justiça social que existe? Pessoas que se reformam aos 50 anos? Eu julgava que isto era um assunto óbvio e prioritário de resolver. Mas pelo que me apercebo, só parte da população abaixo dos 35 anos se preocupa com isto.

Já agora, quando se fala de uma Magna Carta Orçamental, sugere-se a criação de uma comissão constituida entre outros por ex-ministros das Finanças. Tendo em conta o track record do trabalho e resultados da maioria dos que pelo cargo passaram nos últimos 30 anos, tenho uma sugestão similar. Em reformas do sector financeiro português, porque não ter como consultores Oliveira e Costa, João Rendeiro ou Pedro Caldeira?

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