..que os alemães deveriam ter para com a actual situação difícil de Portugal (e remanescentes PIIGS) levam a que se recorram a argumentos como aquele que ontem ouvi por volta do jantar na televisão. Como está agora na moda dizer, estes apelos "cheiram" a manobras de diversão.
Do que eu consegui entender das palavras do erudito comentador, assim como a União Europeia foi tolerante na altura para com os défices públicos que Alemanha (RFA) teve com a reunificação com a ex-RDA, também agora a Alemanha deveria ser mais compreensiva para países como Portugal.
Ou seja, deveremos colocar no mesmo patamar algo como a reunificação de dois países (um deles vindo de um regime comunista) e um país que apesar de todos os subsídios recebidos, ter acesso a taxas de juro baixíssimas, etc, etc, teve (e tem) as suas contas públicas governadas de maneira criminosa. No mínimo é uma comparação que eu nunca consideraria. Mas sei que optando por outros caminhos relativos a honestidade intelectual, é uma comparação possível de ser feita. E foi feita. Até porque a maioria da sua audiência absorve de forma acéfala o que esta espécie de conversa em família (versão sec XXI) lhes proporciona.
2 comentários:
Concordo em parte com o teu comentário até porque os fenómenos que deram origem aos déficits não são comparáveis. Num dos casos temos a reconstrução de algo e no outro temos o despesismo puro e duro.
Ainda assim, também não podemos esquecer que a forma desastrada como a Alemanha lidou com a crise actual acabou por a agravar e colocar em xeque países como Portugal. O que retive das palavras do Prof. Marcelo prende-se mais com uma certa noção de Europa solidária que não existe e uma Alemanha fria e calculista que intervêm apenas como e quando lhe dá mais jeito.
Mas admito que esta interpretação não represente a maioria dos espectadores televisivos.
Continuando sem referir nomes, eu acho que é uma comparação de situações incomparáveis. Ainda mais grave quando é feita por pessoas inteligentes.
Quanto à actuação da Alemanha até ao momento, eu discordo que tenha sido desastrada (para a Alemanha), como aliás provam os números da sua economia. Quem acreditar no Pai Natal, sim, pode esperar que os alemães sejam uns europeus solidários (se é que existem alguns). Os alemães dão subsídios a países como Portugal com um dos intuitos principais de apoiar as suas empresas e exportações. Se pensar no futuro, reduzir salários, aumentar idade de reforma (como eles fazem) é ser frio e calculista, sugiro que se (re)leia a fábula da formiga e da cigarra.
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