domingo, 11 de dezembro de 2011

Europa de Merdel

Os últimos meses são exemplificativos das fragilidades da União Europeia: Muitos problemas estruturais difíceis de resolver e total ausência de respostas para combater as dificuldades provocadas pelos ciclos económicos conjunturais. Mas o maior problema talvez não seja nenhum destes mas sim a total ausência de lideranças credíveis e competentes!
Vivemos numa Europa com muitos chefes, mas com poucos líderes. Temos o presidente da Comissão Europeia que manda na Comissão e em alguns fundos comunitários mas que não tem capacidade para gerir os problemas da crise, um presidente do Conselho que se limita a receber as propostas dos países mais fortes, um Governador do BCE que tem a sua acção limitada pelos tratados e pelas afirmações dos líderes dos países, um presidente da Euro zona que mal se vê e poucas vezes se mostra, um presidente do Parlamento que se limita a gerir a assembleia de deputados europeus…
Muitos chefes, muitos órgãos mas sem eficácia!
Quando algo acontece na União, ninguém sabe muito bem quem é que manda, a quem se pedem responsabilidades. As competências misturam-se e a partilha de poderes diminui a eficácia da acção de cada Instituição. Só assim se explica que estejamos mergulhados numa crise de dívidas públicas há tanto tempo e que esta até já ameace a estabilidade da própria moeda única.
A juntar à crise de lideranças da União Europeia, temos de adicionar a crise de lideranças nos países da Europa, nomeadamente no que diz respeito às nações mais desenvolvidas e que historicamente são o motor da Europa. Alemanha, França, Inglaterra, Itália… O que fizeram os seus líderes para apoiarem a Europa?
Muita discussão, pouca criatividade, muito proteccionismo político interno, pouca estratégia!
Este tipo de actuação não é eficiente! Não culpem os mercados, o subprime, nem a bolha das empresas tecnológicas! Os ciclos económicos não são uma novidade. A total ausência de respostas decididas, rápidas, eficazes é que é um factor novo e inexplicável do ponto de vista de uma União Económica. Não foram os mercados que se anteciparam às acções da Europa. Os líderes europeus é que potenciaram a crise pelas suas acções e principalmente inacções!
Por isso digo que esta não é a Europa do sec. XXI! É uma Europa de Merdel!
Uma Europa ajoelhada a uma Alemanha poderosa por direito próprio mas pouco europeísta. Fala-se que a Europa tem de progredir para uma União Orçamental, para uma União Federal, para um nível superior de entendimento político. Mas com o actual esquema institucional e com os políticos que a têm gerido, teríamos os mesmos problemas! Seríamos a mesma Europa de Merdel!

3 comentários:

Jose Lapalice disse...

Não se pode culpar aqueles de quem depende a solução de falta de interesse para resolver o problema, quando os que criaram o problema nos países em maiores dificuldades (como Portugal) não só continuam no poder, como se recusam a fazer mudanças de fundo na sua actuação. Aliás, já se chegou ao ponto de até a UE mandar para cá relatórios destes: http://economico.sapo.pt/noticias/bruxelas-pede-combate-a-fortes-interesses-instalados-em-portugal_133528.html .
E o que continuam a fazer os políticos portugueses e a sociedade em geral? A queixar-se da falta de liderança na UE???
Há uma regra muito simples que é a seguinte: só é possivel ajudar quem queira ser ajudado. E por melhores lideranças que pudessem existir na Europa, são os portugueses que têm de mudar os seus comportamentos. Para todos os efeitos, aos olhos de um Alemão, nós portugueses somos todos uns Albertos João Jardins. Gastadores à tripa-forra

Nuno Vaz da Silva disse...

Mas eu concordo contigo nesse ponto. No entanto este problema não é novo e ninguém com responsabilidades na Europa fez alguma coisa para o resolver ou para se antecipar às consequências desse mesmo problema! Posso até fazer uma analogia entre a crise das dividas soberanas e o BPN. Qualquer pessoa minimamente informada sabia que mais dia menos dia a bolha iria rebentar mas os órgãos competentes e responsáveis (que também sabiam isso e que tinham ainda informações priveligiadas) preferiram meter a cabeça na areia e chutar para canto.
Isso desresponsabiliza os prevaricadores? Claro que não! mas também não isenta de culpas os responsáveis que optaram pela inacção!

Gervasio disse...

Faco minhas as palavras do Jose Lapalice. A culpa e' de quem nos governou nos ultimos MUITOS anos!