Ver o noticiário da televisão portuguesa assemelha-se a ler o jornal do crime. Roubos, sequestros, carjacking, corrupção, violações, violência…são noticias atrás de noticias sobre desgraças da vida real e que infelizmente podem acontecer a qualquer cidadão.
Para além das notícias, ainda temos de ouvir pessoas (certamente alheadas da vida real) a “desculpar” os prevaricadores pelo aumento da crise, pela falta de emprego ou pelo aumento da fome (como se estes malandros roubassem porque passassem fome…). Quando não são as desculpas esfarrapadas da fome e temos a sorte de ver os larápios detidos, há sempre uma lei permissiva que solta a malandragem, por não haver flagrante delito, por ser menor ou porque afinal não roubou assim tanto… E já é uma sorte se não conseguirem ainda uma indemnização do Estado (ou seja, dos contribuintes) por danos psicológicos!
Não se iludam! A criminalidade está a disseminar-se a uma velocidade assustadora. Não afecta só os ricos (e mesmo que afectasse deveria igualmente ser censurada e combatida com todos os meios disponíveis). Afecta as empresas e todos os cidadãos cumpridores. Empresas e cidadãos que pagam os impostos para terem segurança, confiando que o Estado cumpre a sua principal função: garantir a segurança dos cidadãos e seus bens.
Faltarão meios às forças de segurança? Poderiam estar melhor organizadas para serem mais eficientes? Talvez! Mas faltarão acima de tudo leis menos permissivas para os prevaricadores e menos censuratórias para os agentes de autoridade.
Ninguém gosta de abusos de autoridade nem excessos de vigilância mas duvido que alguém goste do aumento de crimes, dos roubos, da corrupção, da violência! Dizer que é uma consequência da crise é um insulto aos pobres e necessitados que vivem misérias silenciosas e distantes. Este clima de insegurança não é uma novidade para quem acompanha as diariamente as notícias e o país real. Não se trata apenas de um problema das forças de autoridade e dos cidadãos “azarados”. É um factor transversal à sociedade que provoca desconfiança aos investidores e desmotiva os cidadãos que vêem em risco os seus bens e a sua integridade física.
Podemos pedir responsabilidades a alguém? Claro, ao Estado que não cumpre a sua função e se esconde nos labirintos da justiça, e ao legislador que faz leis passivas e absurdas!
Trata-se de uma questão ideológica? Talvez o tenha sido por via de uma lógica constitucional de sociedade de esquerda. Mas não me parece que possamos abdicar da segurança por causa de caprichos ideológicos!
Podemos ir a Bruxelas e aceitar todas as medidas que nos são impostas. Podemos até ser alunos exemplares e cumprir rigorosamente todos os itens do memorando de entendimento. Mas, se não atacamos os problemas de base da sociedade, continuaremos a ser apenas uma democracia em risco com tiques de anarquia falida e governada de forma exógena.
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