terça-feira, 26 de junho de 2012

Tendencialmente incontrolável e insustentável sem reformas...é a CRISE


Com milhares de europeus afastados da difícil realidade económica dos seus países por estarem anestesiados pelo europeu de futebol, a crise económica agudiza-se. A eleição de François Hollande parecia um marco importante para refrear o ímpeto de austeridade que a Alemanha tentava colocar nos países incumpridores. Desta forma, alguns analistas consideraram que era o prenúncio do fim da crise financeira/ orçamental na Europa.
No entanto, a realidade tem sido algo diferente. A Espanha “engoliu” o orgulho nacional e anunciou o pedido de resgate para o sector bancário, o Chipre pediu ajuda externa e Portugal pré-anunciou que ceteris paribus não conseguirá cumprir o deficit acordado com a Troika para 2012.
As crises são sempre incertas e num contexto global a dependência dos parceiros externos dita o sucesso ou o insucesso de uma politica reformista. Mas essa politica reformista tem de ser enquadrada numa estratégia interna de ganhos de eficiência e de modernização das estruturas da Administração Pública. E isso é algo que demora (ou tem demorado) a implementar…
Muitos comentadores insistem que o problema principal do país é o desemprego galopante, eterno problema das sociedades modernas. Mas muitos se esquecem que sem empresas não há emprego, e sem expectativas de crescimento não há empreendedores, e que com taxas de imposto muito elevadas não pode haver dinamização da economia.
Por isso, quando se falam em novas medidas de austeridade para colmatar o aparente desfasamento orçamental de 2.000.000.000 euros, dificilmente isso acontecerá sem aumento de impostos, sem aumento de taxas ou sem outros mecanismos de sucção do desenvolvimento social.
O problema do país, mais do que o desemprego, é o excessivo peso do Estado na sociedade com uma máquina administrativa desadequada. Aumentar o contributo que os cidadãos dão ao Estado só iria/irá desequilibrar ainda mais o pendulo da balança na insustentabilidade do Estado.
Lamentavelmente que não controlamos muito do que nos sucede com a crise económica na Europa nem com as más decisões de alguns lideres. Mas, no que diz respeito a Portugal, sem reforma da estrutura da Administração Pública, dificilmente mudaremos mentalidades e tardaremos a recuperar a dignidade enquanto país cumpridor!
Resta-nos fazer votos que a estratégia do Estado passe por essa reforma e que os nossos parceiros Europeus aliviem um pouco as condições impostas aos Estados resgatados, isto se o objectivo ainda é salvar a moeda única…

3 comentários:

Jose Lapalice disse...

Concordo com praticamente tudo o que foi dito, se bem que o excessivo peso do Estado na Economia é apenas um dos 1ºs lugares ex-aequo (sistema judicial, ensino e má escolha de investimentos públicos, por exemplo). Agora define-me o que entendes por "resta-nos fazer votos". É que acho que podemos fazer mais do que apenas desejar. Como hoje já li, se os portugueses fossem tão (ou mesmo 1/3) exigentes com os nossos políticos como são com o Cristiano, Portugal era um país melhor. O que se tem visto com os protestos nas deslocações do PR é um bom exemplo do que pode e deve ser feito. Mas acima de tudo, exigir informação. Informação sobre o que é feito, o que não é feito e os seus custos.

Nuno Vaz da Silva disse...

Gosto dessa comparação com o rendimento do Cristiano Ronaldo.
Quando mostro alguma resignação, faço-o porque desconfio que a decisão sobre novas medidas de austeridade será para breve.
Aliás, se eu fosse governo e tivesse de tomar novas medidas de austeridade, a melhor data para o fazer seria em pleno campeonato europeu de futebol, com as atenções e os titulos de jornal entretidos com o penteado do Ronaldo e as tatuagens do Raul Meireles...
A estratégia de pedir informação e exigir responsabilidade é optima mas será que vamos a tempo de mudar uma linha orientadora de muito sacrificios e reformas pausadas?

Jose Lapalice disse...

Um país é como um petroleiro. Para começar a virar tem de se mexer no leme umas 2 milhas antes do ponto de chegada. Vamos sempre a tempo de mudar a linha e já se devia ter feito alguma coisa. E em abono da verdade, impactos concretos e relevantes fruto de mudanças de políticas, não os houve neste ano.

É que fala-se de Portugal, que não tem avançados, que o Ronaldo não marcava golos, etc, etc. O que é facto é que a selecção tem um Ronaldo e que está em forma. Nós à frente do nosso país temos o quê? Temos pessoas que estão já no máximo das suas capacidades (no futebol no máximo jogavam no Gil Vicente) e a fazer o melhor que sabem. Pena é que isso não coincida com os interesses de Portugal.