quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Greve dos ares" – terrorismo estratégico ou defesa dos direitos civis?


Em dia de meia-final do campeonato da Europa de Futebol, há muitos portugueses de olhos no ar a olhar para os ecrãs gigantes e para as televisões instaladas nos espaços públicos. Mas há mais ocorrências que do ar nos afectam directa e/ou indirectamente. Falo das greves nos transportes aéreos.

Portugal é um destino de eleição para o turismo na Europa. Tem bom tempo, cidadãos afáveis, preços competitivos e infraestruturas turísticas de qualidade. Não tem furacões, não tem problemas de terrorismo ou de extremismo, tem um sistema politico estável e gosta de receber os visitantes.
Temos muitas vantagens competitivas no sector do turismo que representam verdadeiras mais valias face aos mercados concorrentes.
Se em alguns mercados lutamos por conseguir obter vantagens competitivas, já em outros sectores de actividade, optamos por colocar em causa a estratégia de um país no seu sector mais competitivo. Quando os controladores de tráfego aéreo decidem marcar um período de greve, não estão apenas a reivindicar melhores e maiores salários nem melhores condições profissionais. Estão também a desbaratar dinheiro que o Estado investiu em campanhas publicitárias, a promover a diminuição do PIB, a ameaçar postos de trabalho no sector turístico e em todas as actividades que dele dependem e estão a promover mercados turísticos em outros países.

Terrorismo sindical dirão alguns, intransigente defesa dos interesses dos trabalhadores dirão outros. Não querendo opinar sobre estas duas justificações ambíguas, parece-me que deveria haver bom senso na marcação de greves, principalmente em datas e sectores estratégicos, assim como deveriam existir limites de dias anuais dentro dos quais os trabalhadores poderiam fazer greve. Da mesma forma, o Governo deveria intervir sempre que as greves ameaçassem esses mesmos sectores estratégicos, por via de requisição civil (mas essa requisição civil de nada serve se for efectuada na véspera do dia da greve, como alguns meios de comunicação especulam no caso da greve que se inicia a dia 29/6)!

Em sectores relevantes tem de haver sinais claros das intenções do Estado, revelando coragem e determinação em atingir os objectivos de desenvolvimento do país. Mas os sindicatos também deveriam avaliar o número de postos de trabalho que são postos em causa quando decidem agendar greves, principalmente em sectores que têm já condições salariais acima da média num país que tenta atrair turistas e investimentos mas que opta por lhe fechar portas através de “acções de luta sindicais” consecutivas!! 

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