É agora ou nunca, ontem hoje e amanhã são os dias para trocar as prendas de natal que nos desiludiram ou não estiveram à altura das nossas expectativas... Se as lojas do shopping e as ruas do comercio tradicional estavam cheias de pessoas que agitadas faziam as compras de última hora antes do natal, agora a enchente é semelhante mas com o propósito legitimo de trocar as prendas que não agradaram.
Às vezes parece que foi por uma unha negra, o embrulho..bate certo! o volume do presente... confirma! Mas quando rasgamos o papel...não bate certo e nem confirma...
O que vou fazer com isto? onde o penduro?Onde o escondo? Como levo isto para casa? São pensamentos que passam à nossa frente em nanosegundos, enquanto tentamos não parar de forçar o sorriso muito rasgado de agradecimento...
Depois o sorriso forçado e amarelo dá lugar a um rosto de esperança e felicidade...as pupilas dilatam e os olhos brilham: é quando encontramos o talão de troca! Ah...esse melhor amigo das pessoas que não gostam de ter coisas que não gostam! É neste momento que nos passam pela frente novos pensamentos.
Em que loja foi? Está aberto à hora de almoço? Será que ainda tem alguma coisa que eu goste...ou precise?
E se tivéssemos Portugal numa montra?
E se alguém o mandasse embrulhar para nos oferecer no Natal?
Devíamos ir procurar o talão de troca no fundo do saco?...
2 comentários:
Marta,
esta questão do desajustamento das prendas de Natal às preferências de quem as recebe, que leva à onda de trocas que referes, é tratada num artigo já bastante antigo de Joel Waldfogel, publicado em 1993 na American Economic Review.
(o artigo pode ser encontrado em http://graphics8.nytimes.com/images/blogs/freakonomics/pdf/WaldfogelDeadweightLossXmas.pdf)
Este autor estima a Carga Excedente (palavrão usado pelos economistas para identificar a perda de valor que resulta do consumo de determinados bens, por parte de consumidores que os valorizam menos do que o respetivo custo) que resulta das prendas de Natal, para a Economia Americana, concluindo que a mesma varia entre 10% e 1/3 do custo das prendas. Ou seja, entre 4 e 13 biliões de dólares. Para se ter uma ideia do peso significativo desta carga excedente, o mesmo autor apresenta uma estimativa de cerca de 50 biliões de dólares para a carga excedente dos impostos na Economia Americana. Ou seja, a carga excedente associada às prendas de Natal varia entre quase 1/10 e 1/3 da carga excedente que resulta do sistema de impostos. Claro que a possibilidade de trocas contribui para reduzir os referidos custos (não sei se Waldfogel levou em consideração as trocas pós-natalícias nas suas estimativas).
Também não terá contabilizado benefícios menos mensuráveis, como o prazer de quem dá e o reconhecimento de quem recebe, etc.
Portugal como uma prenda de Natal é o equivalente ao conjunto de meias turcas brancas que uma tia-avó oferece. Logo nem sequer merece o tempo e trabalho de se ir trocar. É que claro, a tia comprou as meias na feira de Carcavelos, logo talão de troca é mentira.
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