sexta-feira, 1 de março de 2013

E Depois do Adeus*


Diz a sabedoria popular que não há duas sem três. Portanto, depois das intervenções em 78-79 e 83-85, já se esperava que o FMI cá tivesse de vir novamente. A sabedoria popular não fala numa quarta vez e espera-se que, de facto, haja sapiência para evitá-lo.
Independentemente de ser dado ou não mais um ano para ajustar o défice, o primeiro-ministro tem afirmado que está na altura de se pensar nas soluções de médio e longo prazo. Com o FMI, a Comissão Europeia e o BCE o compromisso é o de cortar permanentemente a despesa em quatro mil milhões de euros; aos quais se deve juntar o montante das medidas temporárias adoptadas durante o programa de assistência. Conhecido o valor, importa saber quais serão as áreas visadas e as medidas concretas que se pretendem tomar.
Pensar nas soluções de médio e longo prazo não se esgota, contudo, em fazer as contas da consolidação orçamental. O pedido de ajuda externa foi motivado por uma crise financeira, mas a economia portuguesa padece de problemas estruturais. Depois de ter tido a intervenção da ‘troika', o País precisa de uma perestroika que lhe permita ser competitivo. Competitivo num mundo que está a sofrer alterações profundas, fruto da globalização, do surgimento de novas potências, da evolução tecnológica e da velocidade cada vez maior a que esta se processa, das novas tendências demográficas e do problema energético.
Um plano para depois do adeus (da ‘troika') deve lidar explicitamente com estas questões. Deve ajudar-nos a saber quem somos e o que fazemos aqui. Deve ajudar-nos a, na nova ordem económica mundial que se desenha, ganhar e não perder.


* Artigo publicado no Diário Económico de 28.02.2013

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