sábado, 17 de outubro de 2015

Amadorismo

Amadorismo é a palavra que me ocorre para descrever a actual situação politica em que o país se encontra. Os partidos têm cada vez menor capital social e passaram a ter cada vez mais “yes man” especialistas em abanar as bandeiras e ávidos pela nomeação mais dourada. As análises políticas são efectuadas de forma simplista e são enviesadas por preconceitos ideológicos ou (pior ainda) promessas políticas. Mas o amadorismo não se fica por aí!


Foram amadores os eleitores porque esperaram que os partidos adivinhassem a motivação para cada um dos votos. Como se os boletins de votos tivessem um espaço reservado para o “diga lá porque é que votou em mim”.
São amadores os partidos porque encandeados pela ambição de poder esquecem que estão posicionados numa plataforma dinâmica e que as decisões que tomam têm influências diversas a curto, médio e longo prazo.
Foi amador o Presidente da República porque exerceu a sua magistratura de influência de forma demasiado subtil e excessivamente mediática, dando espaço à incerteza quanto aos arranjos institucionais que se seguirão.
Foram amadores inúmeros comentadores que estão reféns das soluções do passado para resolver um problema do presente.
Foram amadores os jornalistas porque não souberam fazer as perguntas pertinentes nos debates e limitaram-se ao mediatismo conjuntural.

Os partidos como todas as instituições deveriam ter responsáveis que assumissem os erros pessoais e do colectivo que dirigem. A inexistência de responsabilização estimula a mediocridade da sociedade que não tem referências de credibilidade e de futuro.
A política não pode ser nem um mecanismo de habituação com as mesmas soluções para problemas distintos nem uma plataforma de experiencialismos sem nexo. A política democrática deve ser um processo dinâmico de acordos e desacordos, propostas e argumentações, decisões e compassos de espera estratégicos. Não pode continuar a ser o acto libertino e narcisista de considerar que um facto e o seu oposto só são verdade quando as vantagens são para o próprio, como não pode (a política) ficar presa à incompetência de assessores e conselheiros, políticos e boys, comentadores e pseudoespecialistas que se limitam a reproduzir os mesmos argumentos que outros já utilizaram, muitas vezes, profundamente falaciosos!

Que este período sirva para uma reflexão que promova a renovação dos partidos, dos seus manifestos e, essencialmente promova uma revolução nas mentalidades de grande parte das elites politicas que persistem reféns do nosso passado. 

Sem comentários: