Numa altura de crise económica e politica em Portugal, muitos são os jovens que ponderam a saída do pais na esperança de encontrar uma vida melhor lá fora. Alemanha, Franca, Inglaterra e Estados Unidos são apenas alguns dos destinos que fazem parte da lista de quem já emigrou, de quem pensa emigrar mas não emigra, e de quem não só pensa mas também tem a coragem de o fazer. Sim, coragem, acima de tudo e’ um acto de coragem. Deixar família e amigos nem sempre e’ fácil, sendo ate’ impossível para alguns que já constituíram as suas famílias aqui.
E, apesar de muitos serem aqueles que procuram uma nova aventura cultural, académica ou profissional, esses são também uma pequena minoria. Mas deveria essa percentagem ser maior?
Muitos são os argumentos a favor da mobilização para o estrangeiro, mas também contra. O debate que surgiu na ultima semana em Portugal relaciona-se com o ‘conselho’ que o governo português ofereceu aos seus cidadãos para um problema que e’ interno e cuja resolução deveria começar cá dentro. O raciocínio básico de ‘não esta, não faz despesa’ e ainda envia dinheiro para os bancos portugueses, soa no mínimo a pouco sofisticado para quem vive em pleno século XXI, e para o que e’ um problema antigo. Quantos portugueses não se viram ‘obrigados’ a emigrar nos anos sessenta e oitenta para países como Franca, Suíça, Luxemburgo e afins, há procura de ‘melhores condições de vida’? Uma diferença que sobressai entre essa geração de emigrantes, os chamados “baby boomers” e as gerações mais recentes, os filhos desses, a Geração Y, e’ certamente a formação académica. Enquanto os primeiros tinham a quarta classe ou pouco mais, nos temos Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos. Ora, não seriam as competências desta ‘massa profissionalmente competente’, cuja educação foi em parte proporcionada pelo estado português, mais bem empregue em Portugal? De que serviu então este esforço e investimento na Educação das ultimas décadas?
Mobilização da classe competente para o estrangeiro não me parece a’ partida solução. E muito menos a criação de uma agencia para apoiar quem quer emigrar (certamente mais uns quantos tachos para alguns quando esse apoio, se ‘e que ‘e necessário, pois tenho serias duvidas, e’ supostamente da obrigação de outros orgaos governamentais já existentes). E’ caso para se perguntar, o que querem os nossos políticos que fique cá dentro então? A população idosa, os mais de 500 mil funcionários públicos que (muitos) não acompanharam a evolução essencialmente tecnológica das ultimas décadas, o precariado (que há muito deveria ter acabado) e os políticos mamistas que enchem os bolsos a’ custa das mas politicas de governação, acordos e gastos desnecessários, e também a barriga com o bom cozido a’ portuguesa, porque esses não vão certamente emigrar. Mas afinal de contas o que ‘e que Portugal precisa?
Enquanto a mentalidade da classe politica não for renovada, os problemas continuarão a ser os mesmos de há varias gerações atrás. Mas desde quando e onde, e’ que politica e’ sinonimo de riqueza pessoal? Em países verdadeiramente desenvolvidos ninguém segue uma carreira politica para enriquecer, mas sim para governar um pais. Já em países subdesenvolvidos como ‘e o caso dos países Africanos, interesses políticos falam mais alto, e a ‘pobreza’ da jeito a muitos que enchem os bolsos a’ custa da elevadíssima corrupção e violação dos direitos humanos. E nos, onde nos posicionamos?? Ou melhor, onde nos queremos posicionar?
1 comentário:
A questão é pertinente e os argumentos relevantes. A grande questão está no NÓS! Nós é um colectivo,... mas as decisões são individuais. Sem factor aglutinador e/ou mobilizador o nós é figura de retórica. Ora o que sucede em Portugal é que não parece haver forma de conseguir aglutinar os vários "eu" numa sociedade civil, activa e actuante que dê corpo ao NÓS. A continuarmos assim , bem podemos continuar a perorar, mas os mais arrojados, dinâmicos e competentes, não resistirão a sair e a procurar noutras paragens uma vida à medida das suas capacidades e ambições. Não se resignarão ao actual "estado das coisas".
Aliás e infelizmente, é bem possível que o futuro ponto de equilíbrio do País (num horizonte de 10-15 anos) passe por uma população de 7-8 milhões de habitantes (resultante da emigração e da mortalidade dos idosos), que conjuntamente com alguma e indispensável melhoria da produtividade, nos venha a colocar no nível de rendimento médio per capita europeu e a atingir um "steady state", compatível com a nossa permanência na UE. Se ela ainda existir!
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