A discussão sobre a tipologia de
gestão da RTP tem estado associada ao conceito de serviço público de televisão.
Enquanto uns defendem que não há necessidade desse serviço público, outros
argumentam que é imprescindível que seja defendido, custe o que custar!
Mas afinal o que é o serviço
público na televisão?
A própria RTP disponibiliza na
sua webpage os princípios norteadores do serviço público de televisão. Na
página da estação pública temos ainda acesso ao contrato de concessão deserviço público….exacto, concessão! Tantas criticas com uma eventual futura concessão
de serviço público e ela já existe e está regulamentada à vista de todos! O contrato foi assinado em 2008 por dois Ministros do executivo de José Sócrates (Dr. Teixeira dos Santos e o Dr. Santos Silva)
Mas voltando à discussão que me
proponho, como definir esse conceito abstrato de serviço público?
A maioria dos tópicos
identificados na fonte consultada referem aspectos generalistas e que são
realidade inclusive na oferta de programação dos restantes canais generalistas,
por exemplo:
• Assegurar uma programação
variada, contrastada e abrangente, que corresponda às necessidades e interesses
dos diferentes públicos.
• Manter uma programação e
informação de referência, contribuindo desse modo para regular e qualificar o
universo do audiovisual nacional.
• Garantir o exercício dos
direitos de antena, de resposta e de réplica política, nos temos constitucional
e legalmente previstos.
Outros objectivos parecem-me mais
direccionados ao serviço público como os seguintes:
• Emitir as mensagens cuja
difusão seja solicitada pelo Presidente da República, pelo Presidente da
Assembleia da República ou pelo Primeiro- Ministro.
• Ceder tempo de emissão à Administração Pública, com vista à divulgação de informações de interesse geral, nomeadamente em matéria de saúde e segurança públicas.
• Ceder tempo de emissão à Administração Pública, com vista à divulgação de informações de interesse geral, nomeadamente em matéria de saúde e segurança públicas.
• Combater a uniformização da
oferta televisiva, através de programação efetivamente diversificada,
alternativa, criativa e não determinada por objectivos comerciais.
• Assegurar uma programação de
referência, qualitativamente exigente e que procure a valorização cultural e
educacional dos cidadãos.
Quem critica a concessão da RTP a
privados deverá ter em consideração que o serviço público já está actualmente
concessionado e deverá ser capaz de fazer uma análise critica aos items que
fazem parte dos objectivos dessa mesma concessão.
Dentro das características acordadas
para o serviço público, não consegui encaixar um grande conjunto de programas
que a RTP tem difundindo. Não querendo ser critico quanto aos programas nem
quanto aos apresentadores (até porque isso significaria uma análise deturpada pela minha escala de valores e pelo gosto pessoal), ou o contrato de concessão foi mal negociado ou
então esses programas não são efectivamente serviço público. Falo dos programas
que elegem cantores, dançarinos ou outros tipos de profissões sem colocação no
mercado, dos programas que dão prémios às pessoas sem necessidade de terem
conhecimentos culturais, das horas intermináveis desperdiçadas em lutas de audiência,
da transmissão de jogos de futebol sem dar espaço equivalente às restantes
modalidades, dos programas de “famosos”, da transmissão de musicas de
qualidade e proveniência duvidosa, dos programas de 7 maravilhas (…)e tantos outros!!!!
Em abono da verdade, há um outro
conjunto de programas que considero realmente de características públicas.
Refiro-me à vivência dos portugueses na diáspora, aos programas de
biodiversidade, aos programas de história, às reportagens sobre poupança e
desenvolvimento, à partilha de casos de sucesso, ao tempo de antena para os bombeiros,
religiões minoritárias e alertas metereológicos…
O serviço público de televisão
não deve ficar como está e/ou o contrato de concessão existente tem de ser
reformulado! As duas coisas, tal como
existem, são incompatíveis e nenhuma delas está a cumprir o seu papel de defesa
do património e de promoção do desenvolvimento socio-economico e cultural da
população portuguesa!
Parece-me um erro termos uma televisão pública de
serviço público (na teoria) mas que, na prática, actua como uma televisão de capitais
públicos e estratégia de mercado concorrencial!
1 comentário:
Com este concordo! :)
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