A reentré politica nacional tem ficado marcada por eventos de entronização de jovens na politica: Universidades de Verão. Não se tratam de licenciaturas, bacharelatos nem cursos académicos mas têm professores, alunos e diplomas. Podiam chamar-se confraria, workshop, ciclo de conferências ou até tertúlia mas escolheu-se o nome “Universidade de Verão”.
As Universidades de Verão têm
alcançado vários objectivos, principalmente partidários, com desfile de figuras
políticas de renome e discursos que abrem noticiários, num período de férias tão
pobre em factos mediáticos relevantes.
Essencialmente, as Universidades
de Verão são eventos de marketing partidário com uma mais valia da partilha de
experiências entre os “alunos” e o sentido de pertença a um núcleo de pessoas
que vestem ou vestiram a camisola do “curso” (o que também costuma ser
apelidado de networking, loby, amizade, ou em alguns casos, boys…..).
As Universidades de Verão não
devem ser tidas como substitutas de verdadeiros cursos de politicas públicas,
com ensinamentos que vão deste a gestão pública à macroeconomia, passando pela
contabilidade e pela ciência politica. Ninguém pode exigir a um aluno de um
curso de uma semana que tenha o mesmo nível de conhecimentos que se obtém numa
licenciatura, mestrado ou doutoramento em politicas públicas. Os responsáveis
deste tipo de formação partidária devem incentivar os seus formandos a procurar experiências académicas mais especializadas e partidariamente isentas depois de
obtidos os “diplomas de Verão”.
O discurso político é importante,
a capacidade de argumentação e de liderança também mas, sem bases sólidas de
conhecimento, a análise dos assuntos ficará pela rama e mais permeável às
influências dos grupos de interesse especializados na captura do poder.
Não sou adepto das correntes de
opinião que não vislumbram qualquer relevância positiva das Universidades
(partidárias) de Verão mas preferiria que a designação escolhida para os eventos
não desvalorizasse o papel de verdadeiras academias capacitadas e reconhecidas
para formar especialistas em políticas públicas. Factos aparentemente tão
insignificantes como a designação ou o marketing funcionam como excelentes
dinamizadores da vida politica mas podem ser, ao mesmo tempo, desincentivadores
da procura de conhecimento. Quando todos os participantes das Universidades de
Verão decidirem enveredar por cursos a sério de políticas públicas, eu direi
que estas cumpriram o seu papel no estímulo dos formandos à procura de
conhecimentos em prol da gestão eficiente dos escassos recursos do país!
Afinal de contas, o conhecimento não ocupa lugar! Mas, à expressão popular eu acrescentaria, ......mas dá trabalho e implica muitas horas de dedicação!
1 comentário:
Nuno:
Concordo com o teu ponto de vista. Há certos substantivos que acarretam um determinado tipo de responsabilidades e pressupõem o atingimento de determinadas metas. O abastardamento destes substantivos provoca confusão. Se de repente todos os mecânicos quisessem ser trataods por "médicos"ou "doutores"? Afinal eles tratam dos carros doentes...
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