terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O semáforo laranja e a sua influência na redução do défice público português

Todos os dias cruzo como peão a Avenida da República em Lisboa. Em todos esses dias vejo carros passarem semáforos vermelhos e condutores malabaristas que insistem em falar ao telemóvel enquanto conduzem. Mais “interessante” é verificar que alguns passam os sinais vermelhos enquanto conduzem com o telemóvel na mão (para não falar dos que ainda fumam ao mesmo tempo) … autênticos malabaristas do volante!
Não é fácil para um peão confiar nos semáforos verdes que permitem a sua passagem nas passadeiras e não é igualmente fácil para os automobilistas das faixas de rodagem contrárias circularem com segurança.
Este é um fenómeno que piora a cada dia que passa. Aliás, como os automobilistas estão habituados a “queimar” sinais vermelhos, quando um condutor trava no sinal laranja, arrisca-se a ouvir insultos e buzinadelas, para não falar dos riscos em sofrer alguma batida de quem vem atrás.
Para além da insegurança associada a esta questão, de um ponto de vista moral e económico, custa-me que as forças de autoridade não controlem este tipo de comportamentos. Parece-me muito mais “saudável” que o governo tente reduzir o défice às custas dos prevaricadores do que venha no final do mês reduzir o ordenado a quem tenta ser produtivo. Claro que não seria suficiente para colocar o défice em 0% do PIB e a rentabilidade marginal de uma política de caça à multa seria decrescente (um condutor previamente multado por este comportamento terá menor incentivo a continuar a prevaricar).
Ainda assim, esta é apenas uma ideia para aumentar as receitas do Estado à medida que se protegem também os cidadãos. Basta que coloquem um polícia (que até pode estar sentado) na Av. Da República em Lisboa, e que tome nota destes comportamentos de risco.
Se eu vejo várias situações deste género todos os dias e apenas fico momentaneamente parado no semáforo vermelho para peões (e mais 5 ou 10 segundos de “tolerância” para que os automobilistas artistas que passam no vermelho não me atropelem), imaginem quanto não poderia o Estado ganhar ao fim de um dia de coimas? E agora imaginem se este tipo de actuação se multiplicasse por outros tipos de comportamento em muitos outros pontos do país?
Afinal de contas, a lei é ou não para se fazer cumprir?

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