Como pai, e apesar de mais descontraído com estas coisas do que muitos, ando-me sempre preocupado com coisas que nem eram questão quando eu era jovem. Ando pela rua e olho desconfiado para qualquer homem que olhe para a minha filha - depois de ver o programa Predadores!
Vou a um jardim infantil. Vejo tanta esponja, borracha e outras formas de protecção e penso: como é que sobrevivi sem nada disto! Olho para a turma de infantário da minha filha (hoje estive lá com outros pais para o dia dos pais) e todos andavam demasiado preocupados em duas coisas. Primeiro se o filho/a estava protegido - note-se que num infantário já é preciso um esforço enorme para uma criança se magoar, por muito estouvada que seja! Segundo se o filho/a estava a desempenhar o seu papel de génio precoce melhor do que os restantes.
Não me lembro dos meus tempos em que tinha 2 anos, como tem a minha filha hoje. Mas lembro-me de com 5 anos passar horas na rua em frente a minha casa a brincar ou num parque infantil 100% feito de metal e cimento. Ou numa rua onde passavam carros a jogar berlinde, andar de skate e afins.
Andamos nós cada vez mais piegas? Numa altura em que a criminalidade na cidade de Lisboa é inferior ao que era quando eu tinha 12 anos - idade em que comecei a andar sozinho de autocarro - não vejo nem jovens adolescentes sem pais! Será que hoje as crianças correm de facto mais riscos?
Era interessante, em vez de ver os programas sobre pedófilos e raptores, ver uma série de programas que educam de facto a sociedade acerca dos riscos reais! Quem de nós está informado acerca de dislexia para a poder identificar antes que esta questão danifique a confiança do seu filho ou atrase o seu avanço escolar por desconhecimento? Quem de nós está informado acerca dos malefícios de iniciar as crianças no uso de computadores demasiado cedo? Quem de nós está informado o suficiente para ensinar os seus filhos o verdadeiro valor de poupar?
E já agora que esse programa educa-se os pais a não ir a uma sessão de pintura de dedos de fato!! Poupa o ralhete ao filho e faz-se melhor figura!
Não parece ser relevante para a gestão do país, mas pais menos focados em riscos imaginários ou altamente improváveis poupariam à economia milhões em borracha protectora e custos futuros a corrigir o mal que fizeram (por muito bem intencionado que seja).
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