terça-feira, 15 de maio de 2012

“No sofá com o lóbi” – 5 anos depois, com o lóbi e não só!


Em 23 de Junho de 2007, a revista ÚNICA do jornal Expresso, trazia um curioso artigo denominado No sofá com o lóbi que guardei pela pertinência do tema. Nessa reportagem do jornalista Micael Pereira (e fotografia de José Ventura), foram desvendadas algumas ligações de políticos a empresas públicas, empresas privadas e fundações. As ligações traduziam-se em cargos de Consultadoria, Administração e Presidência de Assembleias Gerais, e ficava no ar a dúvida sobre qual o real interesse das empresas e Fundações na contratação de elementos ligados à política. Tratavam-se de contratações de indivíduos com experiência reconhecida e cujo currículo representava por si uma mais-valia para as instituições em causa? Ou tratava-se de pura actividade de lóbi, em que os próprios políticos são os lobistas, numa pouco ética (e eventualmente paradoxal mas não ilícita) actividade dupla de representação dos cidadãos eleitores em paralelo com a defesa dos interesses das sociedades onde desempenhavam as mais variadas actividades?

Este é um assunto delicado, que envolve muitos interesses e que poucos arriscam abordar. Se hoje temos a discussão sobre as alegadas relações próximas de alguns políticos com os serviços secretos, existirão também relações com empresas, associações e fundações. Dirão alguns que o único caminho para a resolução desta “problemática” será a exclusividade do desempenho de funções políticas, dirão outros que isso pouco resolve porque as relações próximas sempre existirão.

Não havendo uma solução óptima, um caminho possível seria a publicação das declarações de interesses dos políticos mas também dos jornalistas, dos juízes e de tantas outras profissões em que as decisões tomadas possam interferir em políticas, na manipulação da opinião pública e no interesse privado dos cidadãos.

A actividade de lóbi não é um exclusivo português, embora haja factores que nos diferenciam. Tanto nos Estados Unidos como junto das Instituições Europeias existem lobistas, muitos deles publicamente assumidos e que desempenham essa reconhecida profissão liberal. No entanto, e tomando por base o mesmo artigo que cito no inicio do meu texto, o lobista liberal não tem condições para se estabelecer em Portugal, pois, para além de não existir regulamentação, não consegue competir em influência com quem está dentro do meio politico!


2 comentários:

Pedro Antunes disse...

A actividade de lobbista devia ser aberta e pública e todas as actividades de um político que gerem rendimento deviam ser públicas. Os períodos de "nojo" também deviam ser regulamentados e publicitados!

Nuno Vaz da Silva disse...

Concordo mas ao fazer isso, provavelmente temos de falar em algo muito pouco popular e que está implicitamente relacionado: os salários dos politicos.
Provavelmente terão de ser mais elevados para podermos ter politicos melhores, mais eficientes e guardiões do superior interesse público!