Louçã, Soares e outros
querem rasgar o acordo com a troika. Justificam isso com a ideia de que austeridade
e crescimento são duas coisas incompatíveis.
Este tipo de conversa faz
lembrar criacionistas versus evolucionistas nos Estado Unidos. Os primeiros escolhem
num conjunto de dados e factoides e reinterpretam de forma a confirmar a sua
visão do mundo. Os segundos investigam e analisam os dados e depois chegam a
uma visão do mundo. Dá para ver bem a diferença!
Na cabeça desta esquerda
anti-capitalista e anti-liberal estão os seguintes pressupostos: i) Os
portugueses querem o fim das políticas da troika – confirmando o seu sentimento
de “wishful-thinking” que os portugueses se estão a rebelar contra a troika e o
governo; ii) O Estado pode substituir-se aos mercados para um resultado mais
eficiente – confirmando a sua visão totalitarista do Estado como o garante de
bem-estar – podendo-se assim substituir a austeridade pelo crescimento
económico.
O primeiro ponto é fácil de
rebater. Manifestações e greves cada vez com menos adesão e as sondagens que
têm sido feitas mostram três tendências claras (veja-se a última da
Eurosondagem): 1) Os partidos “da troika” ganhariam as eleições com mais de 77%
dos votos; 2) Os partidos “anti-troika” teriam menos de 15%; 3) O Governo perde
apoio por parte da população, mas a política geral (troika) ganha.
Estas três tendências, confirmadas
sondagem após sondagem, são uma clara indicação que esta esquerda tem pouca
noção do país. Dá a impressão que veem o que querem ver e ignoram todos os
outros dados.
O segundo ponto é mais
complexo. Antes de mais é preciso perceber que a necessidade da substituição do
mercado pelo Estado é uma falsa questão, como também o é o antagonismo
austeridade/crescimento.
É verdade que investimento
do Estado (vamos assumir por instantes que o Estado nunca cria elefantes
brancos) pode reduzir desemprego. Um apoio às indústrias preferidas de um
governo aumenta os níveis de emprego, no curto-prazo. Isto parece confirmar a
visão do mundo de Louçã e Soares. O problema é que se o Estado apoia indústrias
que não se estão a aguentar nesta crise sozinhas está a apostar num cavalo
doente. É insustentável e um desperdício do dinheiro do contribuinte. Pior,
normalmente essas intervenções do Estado criam a possibilidade para corrupção e
situações de crescimento económico e empregabilidade fictícios, escondendo as
verdadeiras falhas estruturais até que uma nova crise obrigue a um esforço
ainda maior de correção.
A austeridade é (ou deve
ser) traduzida numa redução da dimensão do Estado na economia. Isto mitiga
questões de crowding-out, desocupando-se a economia para os privados, e
possibilita a descida futura dos impostos. Este espaço libertado dá latitude
aos privados (todos nós) para se mexerem e inovarem em novas indústrias, as
quais permitem o verdadeiro crescimento económico e redução do desemprego...
sustentável. Não é a austeridade que faz a economia crescer. É a austeridade
que viabiliza as condições de longo-prazo que permitem a iniciativa privada, a criação
de emprego e o crescimento económico sustentável.
A realidade torna a opinião
de Louçã, Soares ou mesmo do Syriza na Grécia, irrelevante. O Mundo
simplesmente não funciona como eles gostariam... e na minha modesta opinião,
ainda bem!
Sem comentários:
Enviar um comentário