terça-feira, 30 de novembro de 2010

Morte ao Keynesianismo

O Keynesianismo como política económica que defende o Estado intervencionista, através da qual os governos usam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos económicos está ultrapassado.
Pelos exemplos vindos da actual crise, constatamos que os países com problemas optaram por uma política de cariz keynesiana para minimizar os problemas: Obras públicas e intervenção do estado na economia. Ora, chegados à actual conjuntura verifica-se que essas políticas não foram bem aplicadas e/ou não produziram os efeitos desejados. Pior ainda, os efeitos foram mais nefastos do que muitos poderiam imaginar.
A politica keynesiana teve um impacto positivo no pós II Guerra Mundial e os lideres políticos esperavam que pudesse ter o mesmo impacto nos nossos dias. No entanto, tal não aconteceu por diversos motivos:
Em primeiro lugar, a eficiência marginal do capital é decrescente em função do volume de intervenção do Estado na economia. Tratando-se de Estados fortemente endividados, era de supor que o impacto dos investimentos estatais pudesse ser até inferior ao próprio capital “investido”.
Em segundo lugar, a intervenção crescente do estado na economia não é sustentável em mercados de índole capitalista ou que privilegiem a concorrência, até porque o Keynesianismo defendia a intervenção nas áreas em que os privados não estavam dispostos a actuar (e não em todas como actualmente é utilizado).
Em terceiro lugar, o capital é um recurso limitado e cujo preço aumenta com base em determinados factores como o volume de endividamento do país, a reduzida produtividade e a incapacidade de dinamizar a economia pela via do sector empresarial.
Em quarto lugar, as economias dos países estão dependentes dos ciclos eleitorais. Qualquer governante pretende manter o seu próprio status quo (e do partido que representa). É portanto de esperar que exista uma forte pressão política para implementar medidas de natureza keynesiana a qualquer custo, mesmo que isso implique o default do país no futuro!
O modelo keynesiano até poderia funcionar nos nossos dias mas teríamos de ter nos Governos técnicos e não políticos, as Instituições teriam de ser eficientes (sem lobbies nem corrupção) e a eficiência marginal do capital teria de ser positiva no médio prazo.
Como estes dados não se verificam, o Keynesianismo como politica económica a seguir pelos Governos não funciona, não é sustentável e prejudica até o desenvolvimento dos países.
A única solução será adoptar rapidamente orçamentos de base zero, modernizar as Instituições, colocar os países a gastar dentro das suas possibilidades e diminuir a médio prazo as insustentáveis dividas públicas assumidas. Só assim os investidores (e essa entidade abstracta mas poderosa denominada Mercados) estarão dispostos a confiar nas estratégias utilizadas pelos Estados para ultrapassar a crise. Os países que mais se atrasarem a alterar os seus paradigmas serão os que terão mais dificuldades em obter funding no curto prazo e, portanto, em providenciar aos cidadãos a tão desejada retoma no médio prazo!

3 comentários:

José La Palice disse...

Se bem percebi, o neo-keynesianismo não funciona nos dias de hoje porque, entre outras razões, os governos são mais políticos que técnicos, ou as instituições não são eficientes (sem lobbies nem corrupção).
Portanto, tomando estas causas como verdadeiras, será que governos somente preocupados com interesses políticos e permissivos/incentivadores para com a corrupção estão interessados em reduzir as suas despesas?? Porque se de facto conseguissem alterar estas causas, então não o keynesianismo poderia ser uma boa hipótese.
Hélas, isto é simplesmente uma pescadinha de rabo na boca. Correndo o risco de plágio, uma opção para fazer estas mudanças seria necessário suspender a democracia em Portugal durante 6 anos (6 meses é claramente curto e 60 anos até o Salazar acharia demasiado). Se calhar os "mercados" até nem desgostariam da ideia. Será que já lhes perguntaram?

Rui Duarte disse...

Olá Nuno.

Hoje em dia o que há é despesismo, não é Keinesianismo. Acho que o que a teoria diz é que se deve adoptar uma política fiscal contra-cíclica. O que se faz agora é gastar muito em períodos de expansão e mais ainda em períodos de contracção. Na minha opinião, a postura actual até vai contra o que o Keines defendia.

Abraço

Nuno Vaz da Silva disse...

De facto tenho muita pena que o Keynesianismo não seja a solução para os problemas que vivemos. Era muito mais fácil ter A solução. Dado que o Keynesianismo é utiliado compulsivamente por politicos e com base em Constituições que não impõem limites ao endividamento publico, pura e simplesmente não funciona. Rui, o Keynesianismo não tem nada de errado mas o Marxismo também não. O problema é que o contexto económico global implica a existência de externalidades aos modelos que os torna ineficientes.
Mas eu não defendo nada do outro mundo. Penso que até o prémio Nobel Buchanan terá ido mais longe e afirmado que Keynes foi um dos causadores das crises modernas.
Pessoalmente defendo que se deve caminhar no sentido do zero-despesismo e não utilizar o keynesianismo para justificar todo e qualquer "investimento" público.