Os nossos “sábios” de serviço, que diga-se de passagem no seu curriculum público sobressai um conhecimento nulo do que é trabalhar numa empresa, não se cansam de apontar como caminho de saída para Portugal o aumento das exportações. Se passarmos por cima da importantíssima questão de que para equilibrar a balança comercial também se podia pensar em substituir algumas importações por produção nacional (como p.ex. a escandalosa situação de importarmos metade do azeite que consumimos) outras questões interessantes merecem atenção.
Em primeiro lugar, julgo que todos os empresários que têm empresas que podem exportar dispensam de bom grado que lhes apontem o óbvio. Com um mercado nacional totalmente anémico e de dimensão reduzida, claro que têm de procurar vender noutros mercados. O que eles necessitam de ouvir são medidas concretas sobre como ajudar as empresas portuguesas a serem mais competitivas (exactamente o oposto de aumentos no preço da electricidade para grandes empresas em 15%). Com combustíveis caros, electricidade cara, uma legislação laboral hiper-rígida, um sistema fiscal abusador (face à qualidade de serviço público prestado), falta de mão-de-obra especializada (ao invés de juristas ou licenciados em comunicação social que acho que já temos para o resto do milénio), ou com um sistema de transporte desajustado, é difícil ser competitivo. A não ser que….
…..se decida apostar no incremento de exportações para mercados menos desenvolvidos e com menor concorrência. Mas como diz a expressão “the road less travelled, is less travelled for a reason”. E acho que muitos destes “sábios” que tanto aconselham os empresários a exportar para países como Angola, Líbia, Venezuela e outros da mesma estirpe não sabem sequer a diferença entre facturação e recebimento. A questão retórica é portanto esta: vale a pena estar a exportar (ie. facturar) para países cujo recebimento depois depende de visitas do Ministro das Finanças, do Ministro das Obras Públicas, do Primeiro Ministro, do Presidente da República e mesmo assim nenhuma destes senhores consegue que as empresas portuguesas recebam (e possam transferir para Portugal) o valor dessas exportações? Se um Presidente de Portugal não consegue que uma empresa governamental de um outro país pague o que deve, que hipótese tem essa pobre empresa? Até porque para caloteiro, já basta o governo português.
1 comentário:
COncordo e subscrevo. Ainda assim não devemos esquecer que a balança de transacções mede facturações e não recebimentos. Isto para dizer que (infelizmente) a essa gente não interessa verdadeiramente o sucesso das empresas mas sim que se possam safar eles próprios em 2 ou 3 estatisticas...
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