A demissão do Secretário de Estado da Energia foi acompanhada pela justificação universalmente utilizada pelos titulares de cargos públicos quando se demitem: “Motivos pessoais e familiares”.
Estas justificações que tentam ser eticamente responsáveis do ponto de vista da governação pública, podem ser também moralmente incorrectas no que diz respeito à verdade dos factos. Ninguém liga muito aos motivos porque mais cedo ou mais tarde ficamos todos a saber o que realmente se passou. Os motivos pessoais e familiares são (em muitas ocasiões) o disfarce para demissões forçadas ou desautorizações embaraçosas.
Mas, dado que os verdadeiros fundamentos são geralmente conhecidos antes mesmo do pedido de demissão, porque não optam os titulares de órgãos públicos por submeter o pedido de demissão e, depois desta ser aceite, remeterem-se ao silêncio (evitando até comunicados e notas de imprensa)? Não será ética e moralmente mais correcto omitir do que (eventualmente) deturpar os motivos da demissão?
Com o actual turbilhão de fugas de informação e contra informação política é pouco relevante comunicar os “motivos” de uma demissão à sociedade civil recorrendo a uma minuta de carta genérica e que é utilizada por todos os que se demitem ou que são demitidos, independentemente dos acontecimentos que os levaram a abdicar da causa pública!
Não há razões universais! Não há pessoas ou acontecimentos iguais! Mas em politica, as cartas de demissão parecem cobrir todas as maleitas…todos os motivos de todos os demissionários (que são "obviamente" pessoais e familiares....)!
5 comentários:
Facto: O senhor disse há pouco ao jornal de negócios que "está no tempo de impôr interesse público ao poder excessivo da EDP".
Facto: o senhor queria mudar a forma como estes contratos relacionados com energia nos fazem sair dinheiro do bolso.
Eu tenho cá para mim que alguém deve ter dito ao senhor o equivalente a: "olhe, você não manda nada, mas eu se fosse a si passaria a ter mais cuidado a atravessar passadeira. É que pode ter algum acidente com algum automóvel branco com um logotipo vermelho..."
Os motivos são mesmo familiares e pessoais. Se eu ocupasse aquele cargo teria muita dificuldade em manter boas relações com familiares e amigos a quem tivesse de explicar a coerência entre as exorbitantes contas da electricidade e os aviltantes lucros da EDP.
Outra teoria digna de constar no Inimigo Público seria:
"Secretário de Estado da Energia obrigado a demitir-se pela família depois de impor a lei da vela nos serões familiares"
http://files.dinheirovivo.pt/01/discurso-henrique-gomes.pdf
Um documento para guardar para uso futuro.
Muito bom!
Já guardei a minha cópia. Algo me diz que esse link vai deixar de estar on-line discretamente...
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