Ontem, em horário nobre, fomos “presenteados” por uma entrevista televisiva no canal público do Senhor Primeiro Ministro. Nessa entrevista, o Dr. Passos Coelho explicou algumas das medidas da política internacional portuguesa e também da política interna. Nada de estranho em relação a essa comunicação politica e esclarecimento de dúvidas, a não ser o facto da entrevista ter sido concedida à distância, desde Moçambique.
Se vivêssemos isolados e distantes da metrópole onde o líder do executivo vivia, compreendia-se que uma entrevista de regime pudesse ser concedida a tão longa distância. Mas parece algo descabido que, tendo o Primeiro-ministro ausentado do país há cerca de 24 horas, esta entrevista não tivesse sido feita algumas horas antes ou aguardado alguns dias para deixar o senhor chegar ao território que governa.
Para além da imagem pouco abonatória de um governante estar a analisar o seu país, para os seus cidadãos à distância, temos uma outra questão relacionada com os deficits orçamentais da própria televisão pública. Compreende-se que a televisão pública que apresenta sistematicamente problemas orçamentais, suporte o preço de satélite para entrevistar o senhor Primeiro Ministro de Portugal desde Moçambique? Haverá alguma mais-valia para os cidadãos (que eu desconheça) que tenha suportado a decisão de entrevistar imprescindivelmente o Dr. Passos Coelho no dia 10/04/2012. É que não estamos a falar de uma entrevista rápida de 1 ou 2 minutos mas vários minutos em inúmeras questões!
Ajudem-me porque não percebo a motivação política da entrevista nem a decisão de gestão televisiva da RTP…
Quem não viu a entrevista, poderá clicar aqui para ver os vídeos respectivos
5 comentários:
Nuno, completamente de acordo, mas eu diria que a culpa disso está na administração da RTP e não no PPC.
Eu sabia que algum dia irias estar de acordo comigo! :)
Também concordo contigo mas faltou perspicácia aos assessores de comunicação do Sr. Primeiro Ministro.
A agenda e a pressão dos media não pode sobrepor-se ao bom senso politico-publico, sob pena de entrarmos numa espiral pseudo-populista!
Miguel de Pompeia A mim pareceu-me sem sombra de dúvidas uma entrevista encomendada, pareceu-me que o guião da entrevista tinha sido fornecido pelo staff de PPC à RTP. É feita em Moçambique para dar a entender que essas explicações foram muito espontâneas, que as perguntas foram todas muito naturais. Com o pretexto de perguntar o que o PM foi lá fazer, fazia-se uma conversa como as cerejas, uma puxa a outra e o Sr. PM, com a inocência de quem é apanhado desprevenido dava as explicações que queria dar mas sem parecer que as tinha preparado de antemão, mas foi tudo de um despudor tal que achei completamente nojento usar dessa forma o canal público. Digo sem qualquer problema que isto é usar o canal público para Propaganda. O próprio Joseph Goebels não teria feito melhor. Ou talvez tivesse, pelo menos teria conseguido disfarçar mais a coisa. O custo do satélite é bem visto e só agrava a vergonha do episódio. Ou falta dela.
Miguel de Pompeia
Miguel, estas entrevistas são todas encomendadas… e isso é assim para toda a gente e em todos os canais. Se é coisa que eu não quero é um PM que não esteja preparado nas questões do momento, pelo que não parecer ter sido apanhado desprevenido só abona em seu favor. Noto também que José Rodrigues dos Santos anda a perder qualidades enquanto entrevistador! Fez comparações populistas e completamente erradas (direitos "adquiridos" a direitos contratualizados - os primeiros nunca existiram, os segundos têm por base um contrato).
Claro que a comparação a Goebbels é absurda e insultuosa para as milhões de pessoas que sofreram como resultado da sua propaganda.
Insultuosa para quem? Para o Goebels? Quem sofreu com a propaganda do Goebeks não é para aqui chamado, aquilo foi, e continuamos todos os dias a ser, bombardeados com a mais pura das propagandas. São mentiras diariamente propaladas pela comunicação social e o povão vao acreditando nelas. Felizmente depois de ano e meio do mesmo o povinho vai abrindo os olhos e percebendo o que afinal se passou/tem passado.
Miguel de Pompeia
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